Checklist
de validação
Um jovem estava fazendo uma
espécie de matrícula, de cadastro em uma instituição e a funcionária pedia
informações sobre ele e digitava.
Nome? Identidade? CPF?
Religião?
Não tenho?
Não tem? Mas como assim, não
tem religião?
Não tenho religião.
Então boto aqui: cristão?
Não, não bota nada.
Mas foi batizado em qual
religião?
Não fui.
Não foi batizado?
Não.
Imagine que esta conversa
continuasse neste ritmo e viessem outras respostas negativas para as perguntas “lógicas”
da funcionária.
Vacinas?
Não tenho.
Nunca foi vacinado?
Não.
Histórico escolar?
Não tenho, nunca estudei em
escola, fui educado em casa e à distância.
Por mais inteligente que este
jovem fosse, por mais educado, capacitado e gentil, ele não cumpriu os protocolos
sociais, seria um estranho diante dos olhares tradicionais.
A ilusão de autonomia
Parece lógico que desde que
nascemos haja um caminho a seguir.
Quando chegamos aqui já
existia um esquema a ser seguido e obedecido, que foi traçado por aqueles que
chagaram antes de nós.
E parece mesmo que tudo é
cumprindo naturalmente.
Somos criado e educados por
adultos, que depois nos enfiam em uma escola para sermos preparados para seguir
o roteiro.
E toda a organização social e
a mentalidade da maioria das pessoas estão moldadas para cumprir o papel na
peça da sociedade humana.
Quando alguém pensa que
decidiu fazer faculdade, ter uma profissão, buscar um emprego, casar-se e
constituir família, não decidiu, apenas cumpriu o programa.
Este tipo de tomada de decisão
não é livre e independente, é modelada. E não há nenhum mal nisso, é claro.
Se a pessoa se sente
sinceramente realizada assim, se vive satisfeita, pois que assim seja.
Mas aquele que decidir não
cumprir o papel pré-determinado e se aventurar a escrever a própria história,
fora dos padrões, será criticado. Não por todos, só pela maioria,
principalmente pelos mais próximos.
Há pessoas que sentem que algo
está errado, se sentem deslocadas, não pertencendo a este mundo, não aceitas, desencaixadas,
um estranho ou uma estranha no ninho. Obviamente o modelo não satisfaz estas
pessoas, não preenche os anseios da alma, como se não fossem feitas para encenar
a mesma peça social.
Também não há nenhum mal
nisso. A não ser que estas pessoas insistam em participar do teatro social
comum, tradicional. Neste caso poderá haver problema. Algumas não suportam, têm
dificuldade para definir sua identidade e adoecem.
Uma linda rosa na caixa de cristal
Conheço os dois tipos de
pessoas. Os que adoram cumprir o protocolo e viver o papel que lhe foi colocado
e os que não sabem lidar com isso, não é da sua natureza viver estes papeis e
cumprir com os modelos.
Nenhum nem outro deve ser condenado
ou deve se sentir culpado.
Você deve saber o que eu estou
querendo dizer, deve conhecer ou até já se sentiu assim, como se não pertencesse
a este mundo. Tentar de encaixar é doloroso, causa desajustes, machuca, fere
quem você realmente é.
Algumas pessoas preferem se
proteger do vento para manter o penteado intacto.
Outras preferem a bagunça que
o vento faz nos cabelos.
Algumas preferem um jardim organizado,
separado, classificado e limpo.
Outros preferem um jardim misturado,
ao sabor da natureza, feito vento no cabelo.
Conheci pessoas que sofreram
por tentarem se em-caixa-r (encaixar) onde não cabiam.
Tente coloca uma linda rosa
dentro de um dedal e verás o estrago que farás com ela.
Eu vi isso em alunos, em
crianças com potencial enorme em algumas áreas, inteligentíssimas em alguns
aspectos, mas sofrendo muito, porque os adultos, as instituições, pais, professores,
psicólogos e psiquiatras trabalhavam juntos para que se encaixassem em moldes,
modelos e protocolos.
Não há escrúpulos em se usar
remédios (drogas), ameaças, corrupção e coerção para fazer uma inocente e rica
criança, ou até um jovem, se
em-caixa-r (encaixar),
Preferem matar sonhos,
habilidades, sensibilidades e inteligências para chamá-la de “normal” e vê-la cumprindo
os ritos e programas de uma sociedade doente.
Neste caso, é preferível o vendaval
bagunçando todo o jardim do que as flores morrendo sufocadas nos cristais da sala.
Felizmente, tenho visto muitas
pessoas vivendo fora das caixas, negando papéis pré-determinados de tradições
castradoras e sufocantes que cheiram a mofo.
Seja índigo, arco-íris, milenium,
Y ou o tiozinho que aprendeu e mudou, não importa o rótulo, existe um grupo de
pessoas vivendo sonhos fora da caixa, escrevendo a sua própria história,
determinando seu modo de vida, fazendo as próprias escolhas livres das
convenções.
E fazem tudo muito bem
planejado e com muita responsabilidade, respeitando todo modo de vida.
Se você se sente assim,
desajustado, não pertencendo a este mundo, não se culpe, não se machuque,
alegre-se, não force a barra para seguir a manada.
Não tenha medo de desagradar,
porque mesmo fazendo tudo o que te mandarem você ainda irá desagradar e será
criticado.
Então deixa o vento bater. Liberte-se.
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