Quem precisa de um emprego? II
Chegamos praticamente
sem dinheiro, então Quem precisa de um emprego?, e rápido.
Em 1995 eu cheguei na cidade de Cachoeiro do
Itapemirim, no estado do Espírito Santo, para morar por um tempo. Sou natural
de Santa Catarina, estava longe da minha terra e não conhecia ninguém naquela
cidade. Nem eu nem minha esposa daquela época, que esperava um bebê.
Chegamos praticamente sem dinheiro, então eu
precisava de um emprego, e rápido.
Eu não tinha faculdade ainda naquela época, tinha
o Ensino Médio completo e nenhuma profissão definida. Fui à agência do SINE
daquela cidade e lá vi um anúncio de uma escola, que atendia crianças com
necessidades especiais e precisava de professor de natação. Eu sabia nadar
relativamente bem, algumas modalidades mais ou menos, o suficiente para não
morrer afogado, mas nunca tinha feito curso algum nesta área, mesmo assim
arrisquei e fui até a escola tentar a vaga.
Chegando lá, a esposa do proprietário me
recebeu e me entregou uma ficha para eu preencher. Olhei para aquela ficha,
pedia um montão de dados e números de carteiras e de documentos e referências e
experiências anteriores, nossa! Eu não tinha nada daquilo nem paciência para
tantos dados.
Virei o verso da folha, estava em branco,
escrevi um texto explicando, entre outras coisas, que aquela montoeira de dados
não era suficiente para eles me conhecerem, precisávamos olhar um nos olhos do
outro e conversar pessoalmente. Coloquei meu nome, meu endereço, entreguei a folha
para a jovem mulher e fui embora.
Isso devia ser
umas 10 horas da manhã, ao meio dia o dono da escola apareceu lá em casa,
curioso, queria me conhecer, disse-me ele que nunca tinha visto alguém fazer
aquilo.
Eu não tinha os cursos e a formação que
precisava ter, mas me propus a trabalhar de graça. Ele aceitou. Mas antes de
terminar o primeiro mês ele já se sentia em débito comigo, nunca conseguiu não
me pagar. Fiquei lá por alguns meses, fizemos uma boa amizade. Nas férias da
escola, toda a família foi para a praia e eu fiquei tomando conta da escola sozinho,
pintei, cuidei da piscina, das matrículas, recebi, fiz pagamentos e me deram a
mensalidade de todas as aulas de natação que eu consegui naquele verão.
Foi nesta experiência que
eu decidi voltar para Santa Catarina e me tornar professor.
Moral da história:
Muitas vezes é preciso ousar, libertar-se dos
modelos, do normal, afastar-se um pouco daquilo que todo mundo faz, usar a
criatividade, não aceitar os limites, os dados, a lógica.
Não importa a crise ou as dificuldades, sempre
tem um jeito de você surpreender e conseguir o que quer com coragem e ousadia. Só
precisa acreditar em você e se esforçar com sinceridade para sempre fazer as
coisas bem feitas, até as mais loucas.
Liberte-se
Espero que este artigo tenha sido útil, mas
continuaremos neste assunto.
Até o próximo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário