quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019


A ESCRITA COMO TERAPIA

Quer ver como escrever pode ajudar na auto-gestão?



Continuando o assunto sobre escrita terapêutica, vou te dar algumas dicas de como fazer na prática este exercício.

Mas antes, um alerta. Escrevo como professor de produção de texto e profissional da linguagem. Estas dicas não substituem o tratamento com psicoterapeutas, se for o caso.

As dicas que vou dar a seguir, como já foi dito no post anterior, considera a estreita relação da linguagem com processos de pensamento e cognição.

Escrever pode ter se tornado uma tarefa chata para alguns, mas aqui vamos distanciar um pouco a prática de escrever daquela visão escolarizada, acadêmica, cheia de regras, normas e obrigatoriedades.

Agora, pense na escrita apenas como o seu exercício de linguagem pessoal, um momento íntimo.



Veja como você pode fazer

- Primeiro escolha um local confortável e privado.

- Você pode escolher escrever em silêncio ou ouvindo música que lhe agrade.

- Você escolhe se escreverá no papel ou no computador, mas alguns terapeutas têm preferido usar um caderno só para este fim.

- Não se preocupe com a letra, a ordem do texto, as regras gramaticais ou qualquer outra regra, agora é o momento de desabafar para a folha branca.

- Apenas escreva o que está pensando, sentindo, as preocupações, as suas dores, as suas angústias ou apenas as suas ideias e seus planos.

- Leia e releia o que você escreveu, mesmo que não seja imediatamente.

- Na leitura e releitura você poderá organizar, reorganizar e reescrever.

- Alguém só irá ler se você quiser. Você pode querer receber um feedback ou não, esta decisão é sua. Se achar necessário, procure alguém em quem confie e com quem queira compartilhar.

- Se achar necessário, busque ajuda de um profissional que possa lhe orientar em alguma questão que você não esteja conseguindo resolver sozinho, não deixe acumular nada.



Alguns possíveis benefícios

Este exercício já ajudará a organizar um pouco melhor os pensamentos e sentimentos. E quando você for ler o que escreveu, se dará conta de outros aspectos que não tinha visto antes. Será mais um passo para você organizar e ter clareza do que se passa com você.

Além disso, se você lembrar de praticar esta técnica quando estiver sentindo necessidade de desabafar com alguém e não puder naquele momento, isto já lhe trará algum alívio, até que você possa tomar outras medidas se for necessário.

Este exercício com a linguagem escrita é uma atividade íntima, em princípio solitária. É um momento importante, mas não substitui a interação com outros seres humanos em relação de qualidade.

Não deixe de experimentar, veja como você se sente, se lhe trouxe algum benefício. Você só tem a ganhar.

Espero ter contribuído em algo com este artigo.
E como eu sempre digo:
liberte-se.
Até o próximo.


domingo, 24 de fevereiro de 2019


A ESCRITA TERAPÊUTICA

Você já se sentiu abafado, precisado falar, desabafar com alguém?



E nem precisava que este alguém lhe dissesse algo, bastava que o ouvisse, com atenção, em silêncio mesmo, sem julgamentos. Se você já passou por isso, sabe da importância de colocar para fora a angústias, tudo aquilo que ficou represado na garganta, na emoção, nos pensamentos. Quase como a necessidade que o corpo sente de pôr para fora aquilo que entrou, comida ou bebida, e não foi bem digerido.
Mas você sabe que nem todos tem essa chance? Nem todo mundo tem alguém em quem possa confiar totalmente e se entregar, podendo falar sobre qualquer coisa, mesmo as mais íntimas, alguém que ouça em silêncio, calmamente, compreendendo o seu momento e a sua necessidade, sem fazer julgamentos nem emitir opiniões se não for solicitado.
E você sabe porque existe esta necessidade no ser humano, de compartilhar as suas emoções, as suas aflições e alegrias?

Por uma série de motivos, mas vamos começar com os 3 principais:

1º -  Porque somos seres sociais e não podemos viver sozinhos, isolados das outras pessoas (o pior castigo das prisões é a solitária). Compartilhar é uma necessidade, uma característica da vida humana.
2º - Simplesmente porque alivia a pressão interna. Você já se sentiu aliviado depois de desabafar com alguém.
3º - Porque ao expor, ao processarmos em linguagem nossas emoções e pensamentos, nossas aflições, medos, angústias, nossas incertezas e até nossa confusão interna, a nossa cognição se organiza, nossa compreensão se constrói e se modifica, nosso julgamento se adéqua e vamos sendo curados da dor e do sofrimento, vamos modificando nossa mentalidade e a forma como compreendemos o mundo, a vida e a nós mesmos.

Este terceiro aspecto é o mais importante. 
Mas você sabe por que isto ocorre?

Um dos atributos que nos diferencia dos outros animais é a linguagem verbal. O tipo de linguagem que desenvolvemos e usamos é um grande trunfo humano, uma das habilidades humanas mais maravilhosas. Talvez porque a usamos cotidianamente e de forma tão natural, não damos o devido valor que a linguagem tem. Afinal, quantas vezes no dia lembramos o quão maravilhoso é poder respirar e andar? Assim ocorre com a linguagem.
A linguagem humana tem íntima relação com a cognição, com os conceitos que temos, com os pré-conceitos, com nossa identidade, com a forma como nos entendemos como pessoa, com a forma como vemos e entendemos o mundo e os eventos da vida.
Você sabe que uma palavra pode estragar o dia de uma pessoa, talvez a semana inteira. Também sabe que uma palavra pode salvar o dia de uma pessoa, talvez a semana, talvez uma vida. Sabe também o grande valor que têm as palavras que nossos pais nos dizem, como elas marcam, como elas nos influenciam. Com uma única palavra podemos acabar com uma amizade de anos ou conquistar um grande amor.


É a linguagem humana que nos permite refletir sobre nós mesmo e termos a consciência de que existimos, podemos pensar sobre nós mesmos. Na linguagem humana há uma característica chamada metalinguagem, que faz com que ela possa se voltar para si mesma, podemos usar a linguagem para falar, refletir e entender a própria linguagem. E, portanto, podemos usar a linguagem para falar/escrever, refletir e entender a nós mesmos.
Mas isso não significa que uma pessoa que não fala e não ouve não tenha estas mesmas habilidades e condições, tem sim. Porque ela desenvolveu outro tipo de linguagem, com outro sistema de códigos, chamado de libras, mas que tem relação com a linguagem verbal, e porque a linguagem verbal não é a nossa única forma de comunicação e interação.
Voltemos ao fato, mencionado no início deste artigo, de que nem todas as pessoas têm sempre à sua disposição uma pessoa com quem desabafar.
Muitos especialistas, inclusive o Dr. Augusto Cury, têm afirmado que nunca na história da humanidade tivemos tanta facilidade de conexão e, paradoxalmente, nunca estivemos tão solitários. Nossas conexões cresceram em quantidade, mas nem sempre em qualidade.
As relações humanas, permeadas pela virtualidade, pelo ambiente virtual, podem estar se tornando superficiais e de baixa qualidade. Talvez por isso tantas pessoas tem convivido com a dificuldade de se relacionar, acometidas de solidão, depressão e ansiedade.
Neste caso entra a importância da escrita, até mesmo para quem tem com quem conversar.
Através da escrita o 2º e o 3º motivo pelo qual precisamos desabafar acontecem. Por isso a escrita é utilizada como uma forma de terapia e a folha branca uma companheira ideal, que nos escuta em silêncio, não retruca nem julga nem tem necessidade de falar, mas é poderosa para nos dar um retorno e nos ajudar na superação de alguns dilemas, na cura de algumas dores, no crescimento pessoal e no autoconhecimento.
Por um momento, em determinadas situações, ela pode ser a nossa salvação, sem que deixemos de lado as pessoas, pelo contrário, melhorando a qualidade dos relacionamentos, porque nada substituirá o valor de outro ser humano em nossas vidas.
Esta parte do tema é longa e profunda, por isso será desenvolvida no próximo artigo, não deixe de ler.
Liberte-se.
Espero ter contribuído de alguma forma com este artigo.
Até o próximo.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019


Conteúdo X marketing de conteúdo

O marketing de conteúdo ainda é só marketing e funil de vendas é só mais uma estratégia de vendas, nada muito além disso.


Você entra no You Tube e lá estão elas, as fórmulas mágicas para você ficar rico. Aí você vai para o Instagran, para o Facebook, para qualquer rede social, você abre qualquer site e lá vem uma enxurrada de banners e links e vídeos com chamadas bombásticas prometendo a fórmula definitiva, a última novidade, a mais recente descoberta que será entregue a você de graça, por pura bondade, altruísmo e amor, só porque querem que você fique rico, seja feliz, tenha sucesso, se liberte do sistema.
Tenha a santa paciência!
Esta publicidade me faz lembrar dos gritos de “compro ouro!”, “vendo chip!”, “promoção imperdível!”, “só hoje!”, “últimas unidades!” nas feiras e ruas de comércio popular. Lembra também aquela multidão entregando folhetos e propagandas nas calçadas, que você nem chega a ler, joga direto no lixo.
O marketing de conteúdo continua sendo marketing e muito mais marketing do que conteúdo. Porque o pouco conteúdo produzido neste modelo de marketing é mascarado, editado, mastigado, preparado intencionalmente para o funil de vendas, é apenas uma estratégia, não é conteúdo de valor.
Conteúdo continua sendo conteúdo como sempre foi e ele não coexiste com textos estrategicamente produzidos e editados para a venda.
O conteúdo continua na boa e velha literatura universal, nos anos de estudo e pesquisa acadêmica, nos grandes nomes da música clássica, da pintura, do teatro, do cinema. Mas está também no diálogo próximo e demorado com o velho pescador, com o vovô agricultor, na detida, cuidadosa e inspirada observação da natureza, na reflexão paciente sobre quem você é, qual a sua história, onde quer chegar e qual é o sentido da sua vida. Da sua.
Coca-cola não é água,não.
Algum destes “conteúdos” de marketing pode sim ajudar alguém em algum momento sobre algo bem específico e pode conseguir te vender algo, mas devemos deixá-lo neste terreno, na finalidade específica para o qual foi criado.
Estratégia de vendas não deve ser confundido com conteúdo, assim como a coca-cola não pode ser confundida com água.
Você pode tomar coca-cola, mas se pensa que pode substituir pela água, se acha que ela é água, se entender que ela te trará os mesmos benefícios que a água, se considera que a água contida na coca-cola é suficiente para suprir a necessidade de água que seu corpo precisa para viver, você estará morto.
A água contida na coca-cola é processada, industrializada, tratada quimicamente, acrescida de uma série de produtos que fazem mal à saúde. É doce, sim, saborosa, agradável de consumir, mas não tem valor nutricional, não nutri a vida, antes adoece o corpo.
Os sabores no refrigerante são cuidadosamente dosados e manipulados para criar no consumidor uma sensação de satisfação, de prazer, de bem-estar, até de alegria, e para fazer com que ele consuma mais, do mesmo.
Assim é o “conteúdo” produzido e tratado para ser agradável ao consumo e para te levar a mais consumo, do mesmo. Ele é produzido, industrializado, tratado estrategicamente, minunciosamente, em detalhes, para te levar de um nível ao outro do funil de vendas até fazer você comprar. E se por acaso você se colocar fora deste funil, você deixa de ser interessante momentaneamente, mas segue sendo um potencial consumidor de algum outro produto em algum outro momento. Nada mais que isso.
Conhecimentos produzidos academicamente, através de décadas de pesquisas, seja na área da psicologia, da neurologia, da linguística, entre outras, são industrializados e mercantilizados. Estes conhecimentos são aplicados até na fabricação do refrigerante, na definição dos sabores e das sensações que causarão no cérebro do consumidor.
Assim é com a elaboração do rótulo, da propaganda, com a escolha das cores, da disposição dos elementos na imagem e até na disposição dos produtos nas gôndolas dos supermercados.
O mesmo acontece no marketing de conteúdo. Com a mesma finalidade. Vender. Fazer você consumir. Fazer seu cérebro dar a ordem de comprar.
Você pode consumir refrigerante, você pode consumir conteúdos marqueteiros, mas pelo menos saiba o que está acontecendo e não confunda refrigerante com água, nem estratégia de marketing com conteúdo de valor.
Liberte-se.
Espero ter contribuído em algo com este artigo.
Até o próximo.






quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019


A importância do ócio

O ócio mental é um espaço aberto à criatividade


A palavra ócio adquiriu entre nós uma conotação pejorativa, algo que não é bem-vindo, pois  cada vez mais queremos ser produtivos o tempo todo. Mas o ócio de que se fala aqui nada tem a ver com preguiça, com não fazer nada ou com improdutividade.
Houve uma época em que era necessário ao homem buscar atividade e estímulo para a sua mente, hoje ela é estimulada constantemente, desde o nascimento e cada vez mais com o passar dos anos, através de vários meios. Além de todo o trabalho natural do pensar, nas atividades corriqueiras da vida, há a televisão, a internet, o celular, os jogos eletrônicos, a publicidade de rua, as ruas estão mais cheias de pedestres, de veículos e de acontecimentos. Temos hoje as redes sociais, por onde nossa mente é bombardeada constantemente, desde que acordamos até o momento em que caímos de cansaço.

Não vamos mais simplesmente dormir, tombamos tomados pela exaustão.

E você já deve ter percebido que mesmo cansado às vezes fica fritando na cama sem conseguir dormir e a mente não para de trabalhar. Isto acontece porque ela está superestimulada e leva um tempo até desacelerar.
Por um determinado período isto pode ser necessário e não traz maiores consequências, mas uma vida inteira vivendo assim pode trazer resultados indesejáveis.
Uma das dificuldades que esta atividade intensa da mente pode trazer é o bloqueio criativa. Que é quando você precisa de uma ideia nova, precisa criar um texto, um projeto, uma campanha, uma arte e a criatividade lhe falta. Parece que nenhuma ideia nova surge, parece que a mente travou, talvez seja o que algumas pessoas chamam de “deu um branco”.
Isto também ocorre com pessoas que estudaram muito, que sabem o assunto, mas na hora de usá-lo, em uma prova, por exemplo, “dá um branco”.
Somos seres que nos adaptamos facilmente a certas situações e podemos passar a vida toda achando que viver assim, com a mente em acelerada atividade o tempo todo, é normal, necessário e produtivo, mas não é.

A mente precisa de momentos de ócio para exercer criatividade e inspiração.

Hoje em dia há muitas pessoas recorrendo a drogas lícitas, a medicamentos, para poderem produzir mais, estudar mais, concentrar-se por mais tempo e melhor. Se é necessário recorrer a uma droga, a um artifício, é porque o método natural, o trabalho natural da mente, já não está mais funcionando. Neste caso os limites humanos e naturais não estão sendo desrespeitados e com isso os malefícios, mesmo aparecendo somente a longo prazo, ainda assim virão.
Por este motivo é aconselhável que se dê à mente momentos de ócio, de descanso, de serenidade, momentos em que ela não é levada a trabalhar, mas fique solta, livre, relaxando.

Algumas práticas que podem ajudar



- Desligar-se de todas as conexões (computador, tv, celular).
- Colocar-se em posição confortável.
- Ouvir uma música relaxante (se for música clássica ou de meditação, melhor).
- Deixar a mente divagar, sem dirigi-la.
- Fazer caminhadas junto à natureza, sem conexões eletrônicas (se puder colocar os pés em contato direto com o solo, sem calçado, melhor ainda).
- Fazer uma atividade física do seu gosto (sem conexões com redes sociais).
- Treinar a concentração.
- Praticar a meditação e o silêncio, interno e externo.
- Dormir as horas de sono necessárias ao seu bem estar e à sua saúde.
Experimente, nada disso lhe trará prejuízo algum, na pior das hipóteses fará com que você se sinta bem, mais revigorado para as suas batalhas diárias.
Ah, mas eu não tenho tempo para isso!
O tempo é seu ou não é?
Ou você já entregou o seu tempo de vida para alguém?
Retome o domínio sobre o seu tempo, faça substituição de prioridades se for necessário. Tenho certeza que você conseguirá pelo menos meia hora por dia, podendo começar com menos, umas 3 vezes por semana, ou apenas no final de semana, até sentir os benefícios e ver a importância deles em sua vida e em sua produtividade.
E não esqueça que muitas vezes, menos é mais.
Liberte-se.
Espero ter contribuído em algo para a sua vida com este artigo.
Até o próximo.



terça-feira, 12 de fevereiro de 2019


Quem precisa de um emprego? IV

Não tem emprego para todo mundo, e agora, o que eu faço?



Este é o quarto artigo sobre este tema. Precisar de um emprego, procurar um emprego, algo tão real e frequente na vida de quase todo mundo. Milhões de pessoas precisam de um emprego, mas como fazer para conseguir um bom emprego? O que é um bom emprego?
As respostas parecem fáceis, ora bolas, para conseguir um bom emprego eu preciso me capacitar e procurar e um bom emprego é aquele que me paga bem e me dá boas condições de trabalho.
Será que é só isso? É tão simples assim? Isso é fácil de conseguir?
Se fosse tão simples e fácil não teríamos milhões de desempregados, inclusive pessoas muito capacitadas, com cursos, atualizadas e batalhando diariamente por um emprego.
O que acontece então?
Acontece que não há mais emprego para todo mundo, a população de trabalho aumenta mais do que o número de vagas, a economia não cresce no mesmo ritmo que a necessidade da população. A oferta não corresponde à demanda. Isso é fato.
Então, fazer o quê?

O emprego não deveria ser o objetivo final, mas uma ponte para chegar em algo maior e melhor, em um estilo de vida.

Muitas profissões são extintas com o tempo e com o avanço científico. Ao mesmo tempo, novas profissões vão surgindo e outras vão sendo modificadas, exigindo habilidades e conhecimentos diferentes. Foi-se a época em que você aprendia uma profissão, arrumava um emprego e se sentava tranquilamente em sua zona de conforto a desfrutar dos benefícios por toda uma vida, até que chegasse a aposentadoria. Isso não te pertence mais...
Claro que ainda existe este tipo de estabilidade confortável, mas está diminuindo rapidamente e não tem para todo mundo. A capacitação deve permanecer sempre e a procura também, mas estas não devem substituir a criatividade, não devem abandonar um projeto maior de vida, não devem fechar as alternativas e possibilidades diferentes que existem.
Há uma característica que a escola não ensina nem a faculdade, mas atualmente é essencial para se buscar um lugar ao sol na economia de mercado: o empreendedorismo, que é aquele espírito inovador, que busca soluções criativas para os problemas, que é inquieto e diligente.
Eu não sei qual é a sua área de atuação, qual é a sua profissão, quais são as suas ambições, qual a sua especialidade. E se você não tem nada disso, é bom se decidir a adquirir, porque sem isso pode ficar mais difícil. Aquele discurso do “faço qualquer coisa” ou do “faço de tudo” está praticamente sem espaço no mercado atual. Procure substituir por “eu sou bom nisso” e por “isso eu faço bem”.
A partir daí, esteja disposto a mudar, seja mais água do que pedra, seja capaz de se moldar às necessidades. Por exemplo: se você quer mesmo um emprego tradicional, não havendo na sua região, amplie a área de busca, para o país inteiro e até no exterior, derrube as fronteiras e desgrude do seu chão, você não é uma árvore que precisa ficar plantada.
Mas se você tem aquele espírito peralta do empreendedorismo, junte com uma boa dose de criatividade e uma pitada de coragem e o céu é o limite. Descubra quais são as possibilidades que existem de você ganhar dinheiro com o que sabe fazer. Por exemplo, um homem é um bom confeiteiro, será que a única maneira de ele ganhar seu sustento e dar uma vida digna á sua família é conseguido um emprego em uma confeitaria? Nãããooo.
Então o que ele poderia fazer? Vamos lá, me ajude:
- Fabricar bolos para vender na cidade.
- Fabricar bolos para vender em festas e eventos.
- Ter uma loja virtual de lindos e deliciosos bolos.
- Criar um atrativo curso profissionalizante de confeiteiro.
- Registrar um ME e garantir os benefícios sociais, trabalhando na formalidade e tendo mais segurança.
- Fazer um convênio com hotéis, empresas de formaturas, buffets...
O que mais? Puxa! Não temos mais ideias e nenhuma destas está dentro das possibilidades do nosso confeiteiro imaginário, e agora?
Agora é partir para a pesquisa na internet, fazer leituras, assistir vídeos relacionados, conversar com pessoas, ouvir sugestões, conhecer outras experiências mundo à fora. Pensar, planejar, tomar decisões e agir.
Este caminho vale para outras profissões e habilidades? Siiiimm.
Tenho visto engenheiros vivendo muito bem, felizes e satisfeitos, sendo redatores Freelancers. Escrevendo para publicações digitais, fazendo cursos na área, até de graça ou com baixo investimento. Pessoas dispostas a se moldarem, que não se fecham para possibilidades diferentes, que não permitem que a mente se feche em um único sentido ou padrão de pensamento.
Conhecem a história do cara que vendia água na praia e ficou famoso e rico? Está dando palestra até em Harvard? Pois é. Não significa que este é o seu ou o meu caminho, não significa que isto é para todo mundo, mas significa que há muitas soluções que não conhecemos e que nossa mente precisa se abrir para novas ideias, que a preguiça e a zona de conforto precisam ser colocadas de lado.
E significa acima de tudo que você é capaz, que você também pode, merece e vai conseguir.
Liberte-se.
Espero que este artigo tenha contribuído de alguma forma com você.
Até o próximo.





sábado, 9 de fevereiro de 2019


Quem precisa de um emprego? III

Cheguei a ficar 36 horas sem comer e tive que dormir na rua uma vez, mas eu não desisti e venci.
  


Eu entrei no curso de Letras e Literatura, de língua portuguesa, em uma universidade federal aos 29 anos.  Na ocasião eu estava trabalhando de auxiliar do auxiliar na construção civil, fazendo o trabalho mais pesado, e eu sabia que não tinha estrutura física para aguentar aquilo por muitos anos.
Não via muita luz no fim do túnel, havia acabado meu segundo casamento, tinha um filho de cada casamento, não tinha profissão definida, mas gostava de estudar, amava a literatura e, como contei no artigo anterior, tinha tido uma linda experiência trabalhando com crianças com necessidades especiais em uma escola.

Então tomei a decisão de que me tornaria um professor.
           


Já fazia 13 anos que eu havia parado de estudar. Pedi material para amigos e conhecidos, livros e apostilas e passei a estudar sozinho, à noite, no ônibus, nos finais de semana, no intervalo do almoço, no banheiro, em todo momento e lugar.
Abriu a inscrição para o vestibular e eu não tinha dinheiro para fazer, mas um certo fim de tarde, caminhando e conversando com um casal de amigos meus pelo canteiro da Hercílio Luz, achei R$ 50,00 embaixo de um banco de praça, eu tinha R$ 20,00, a inscrição era R$ 70,00, fui lá e fiz, nos 45 minutos do segundo tempo.

Chegou o dia da prova do vestibular, fui confiante, fiz e passei.

Comecei o curso de letras, que era pela manhã, não pude mais trabalhar com ajudante na construção civil. Tinha que estudar, pagar aluguel, comer, pagar pensão para 2 filhos e estava sem emprego. Recorri a uma bolsa de trabalho na Universidade e fui trabalhar na Biblioteca Central. Espalhei para os colegas de sala, para amigos, parentes, todos que eu encontrava que eu precisava de um emprego. Precisei da bolsa da Universidade apenas aquele primeiro mês, porque uma colega da minha turma me conseguiu um emprego em um shopping.

Trabalhei lá por 2 anos e saí de lá para dar aulas. Fui contratado por uma escola particular incrível, porque eu acompanhava um professor meu que dava assessoria para os professores de português daquela escola, uma noite por semana, na minha noite de folga no shopping. Eles me conheceram e disseram ao meu professor da Universidade que queriam me contratar. Que felicidade! Medo também, mas meti a cara, me preparei bastante, estudei muito e fiquei naquela escola por 5 maravilhosos anos. Eu era o professor, mas acho que lá eu aprendi muito mais do que ensinei.
Então, pareceu fácil? Não foi, nada fácil.

Cheguei a ficar 36 horas sem comer e tive que dormir na rua uma vez, mas eu não desisti e venci.

Meu salário do Shopping ia metade para um filho e metade para outro. Então eu vendia o vale transporte e o vale refeição no mercado negro para pagar o aluguel e todo o resto que você pode imaginar. Andava a pé, 7 quilômetros da Universidade até no shopping e mais uns 4 até onde eu morava, à noite, quando saia do shopping, às 22:30h.

Passava todos os dias na frente daquela escola e me via lá dentro, e um dia eu estava lá mesmo.

Isso tudo aconteceu entre 1998 e 2000, quando comecei a lecionar e então as coisas começaram a melhorar. Passei por outros momentos difíceis, nunca fiquei rico nem tive sucesso, porque não persegui estas coisas. Se tivesse buscado isso teria alcançado. Na verdade, não tenho nada de material, porque não busquei estas coisas. Tenho sim muitas experiências lindas, algumas doloridas, mas ainda assim importantes. Muitas viagens de moto, por vários países, uma das minhas paixões. E hoje eu posso estar aqui escrevendo, vivo de escrever, só preciso do meu notebook, de internet e da minha moto. Não leciono mais em escolas, apenas particular ou para pequenos grupos, capacitando as pessoas para dominarem a escrita.

Então, quem precisa de um emprego?

Você precisa de um emprego?

Quando aceitei qualquer emprego eu tinha um objetivo maior. Quando eu vi que não tinha este objetivo maior, tratei de criar um. Os empregos serviram de ponte apenas para eu atravessar momentos difíceis e para eu não deixar de fazer o que eu tinha que fazer, fosse por obrigação, fosse por paixão.


As dificuldades podem ser lições, as feridas tornam-se cicatrizes, no corpo e na alma, mas também se tornam maturidade, força, compreensão, coragem e até serenidade.
Nunca desista dos seus sonhos, dos seus projetos, busque-os com tesão, com paixão, com força, mas aquela força e aquela vontade que vem lá das entranhas, e nem a fome nem o frio nem a dor nem a saudade serão capazes de te parar. Eu garanto!!
Liberte-se.
Espero ter ajudando em alguma coisa com este artigo. Ainda voltarei a este assunto.
Até o próximo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019


Quem precisa de um emprego? II


Chegamos praticamente sem dinheiro, então Quem precisa de um emprego?, e rápido.



Em 1995 eu cheguei na cidade de Cachoeiro do Itapemirim, no estado do Espírito Santo, para morar por um tempo. Sou natural de Santa Catarina, estava longe da minha terra e não conhecia ninguém naquela cidade. Nem eu nem minha esposa daquela época, que esperava um bebê.
Chegamos praticamente sem dinheiro, então eu precisava de um emprego, e rápido.
Eu não tinha faculdade ainda naquela época, tinha o Ensino Médio completo e nenhuma profissão definida. Fui à agência do SINE daquela cidade e lá vi um anúncio de uma escola, que atendia crianças com necessidades especiais e precisava de professor de natação. Eu sabia nadar relativamente bem, algumas modalidades mais ou menos, o suficiente para não morrer afogado, mas nunca tinha feito curso algum nesta área, mesmo assim arrisquei e fui até a escola tentar a vaga.
Chegando lá, a esposa do proprietário me recebeu e me entregou uma ficha para eu preencher. Olhei para aquela ficha, pedia um montão de dados e números de carteiras e de documentos e referências e experiências anteriores, nossa! Eu não tinha nada daquilo nem paciência para tantos dados.

Virei o verso da folha, estava em branco, escrevi um texto explicando, entre outras coisas, que aquela montoeira de dados não era suficiente para eles me conhecerem, precisávamos olhar um nos olhos do outro e conversar pessoalmente. Coloquei meu nome, meu endereço, entreguei a folha para a jovem mulher e fui embora.
Isso devia ser umas 10 horas da manhã, ao meio dia o dono da escola apareceu lá em casa, curioso, queria me conhecer, disse-me ele que nunca tinha visto alguém fazer aquilo.
Eu não tinha os cursos e a formação que precisava ter, mas me propus a trabalhar de graça. Ele aceitou. Mas antes de terminar o primeiro mês ele já se sentia em débito comigo, nunca conseguiu não me pagar. Fiquei lá por alguns meses, fizemos uma boa amizade. Nas férias da escola, toda a família foi para a praia e eu fiquei tomando conta da escola sozinho, pintei, cuidei da piscina, das matrículas, recebi, fiz pagamentos e me deram a mensalidade de todas as aulas de natação que eu consegui naquele verão.

Foi nesta experiência que eu decidi voltar para Santa Catarina e me tornar professor.

Moral da história:

Muitas vezes é preciso ousar, libertar-se dos modelos, do normal, afastar-se um pouco daquilo que todo mundo faz, usar a criatividade, não aceitar os limites, os dados, a lógica.
Não importa a crise ou as dificuldades, sempre tem um jeito de você surpreender e conseguir o que quer com coragem e ousadia. Só precisa acreditar em você e se esforçar com sinceridade para sempre fazer as coisas bem feitas, até as mais loucas.
Liberte-se
Espero que este artigo tenha sido útil, mas continuaremos neste assunto.
Até o próximo.

                                                                

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019


Quem precisa de um emprego?

A colocação profissional é um drama para muitos.
 a liberdade financeira, uma conquista de poucos.
 a vida e a liberdade, um direito de todos.

Lembro-me que quando chegou a hora de eu entrar no mercado de trabalho, quando isso passou a ser uma exigência dos meus pais e da sociedade, eu tinha uns 14 ou 15 anos, vivi um drama terrível, que me fez muito mal, não pelo fato de eu ter que trabalhar, mas porque eu ainda não sabia o que fazer, não tinha profissão e não era fácil conseguir emprego na cidadezinha onde eu morava.
Foi nesta época que minha autoestima começou a ser detonada e que comecei a pensar até em suicídio.
Meio dramático, não? Mas esta é uma verdade minha e pode ser a de mais alguém.
Além disso, ao longo da minha vida, eu vi muita gente vivendo problemas familiares, fim do casamento, separações dramáticas, em grande parte por causa de dificuldades financeiras, passei por isso também, mais vezes do que eu gostaria.
E hoje temos no Brasil mais de 12 milhões de desempregados e muitos milhões que já desistiram de procurar emprego.
Muitos ainda pensam que um homem para ser digno de respeito tem que ter um emprego com carteira assinada e permanecer em uma mesma empresa por vários anos.
Eu sempre achei deprimente e triste saber que alguém se manteve empregado numa mesma empresa por 20, 30 anos. Enquanto alguns se orgulhavam disso, tinham isso como algo bom, sinônimo de sucesso, eu sentia pena.
Será que não há outros caminhos seguros e dignos?
Alguns especialistas afirmam que este sistema está com os dias contados, que futuramente não haverá mais carteira de trabalho, emprego com benefícios, estas coisas que ainda temos no Brasil, mas que em alguns países do mundo não existem.
Aqui mesmo decisões políticas já indicam que este quadro deverá mudar e os avanços da tecnologia também já começaram uma revolução nas relações de trabalho há algum tempo.
Hoje em dia é possível você trabalhar para mais de uma empresa estando em qualquer lugar do mundo. Mas o processo de transição pode ser traumático para grande parte das pessoas. Nem todos estão preparados para esta nova configuração e já começam a sentir na pele os efeitos dela.
Esta ideia de emprego e estabilidade, que é ilusória, povoa ainda nossa cultura de forma perigosamente forte.
Certa vez eu estava dando aula para uma turma de terceiro ano do Ensino Médio e perguntei-lhes porque iam para a escola. A resposta de um dos alunos traduziu o pensamento da maioria e me surpreendeu negativamente.
Ele me disse que ia para a escola para ser alguém na vida.
Esta resposta me causou uma sensação ruim, um desconforto, certa tristeza. Porque aqueles jovens estavam me dizendo que você precisa ir à escola para ser alguém na vida, se não vai então será considerado ninguém, na vida? É isso mesmo?
Aquela era uma escola de período integral, com cursos técnicos profissionalizantes, que se orgulhava de formar o que eles chamavam de “chão de fábrica”. Veja só esta expressão: “chão de fábrica”. Aquela classe formada por operários, por operadores de máquinas, mecânicos de máquinas, torneiros mecânicos, eletricistas então é considerada chão, chão de fábrica.
E a isso os alunos chamavam “ser alguém na vida”.
E eu pensei:
a que se reduziu o ser humano para pensar que isso é a vida e é ser alguém na vida?
A que foi reduzida a vida?
Eu pedi uma melhor explicação aos alunos sobre este “ser alguém na vida” que me tinham falado. Um deles me explicou, com o estranhamento de quem explicava o óbvio a um professor que já deveria saber aquilo:
“ora, professor, é ser alguém na vida, ter um emprego, uma casa, um carro e família.”
Ah, então é isso? É isso que colocam na cabeça dos jovens, que a vida é isso?
Este é um aspecto que pode ser muito importante para algumas pessoas, mas é somente um aspecto da vida, e não a vida, a vida me parece ser muito maior do que isso.
E aqueles homens e mulheres que não quiserem ter emprego, casa, carro e família não serão dignos de ser alguém na vida?
Eles não têm o direito de fazerem outras escolhas e ainda assim serem alguém na vida?
Só há esta opção de vida?

Quem vai à escola, para ter um emprego, para ser alguém na vida e não consegue? Como fica esta pessoa? Como ela se sentirá? São estas que chamam de fracassados? Seria mesmo uma culpada não conseguir um emprego fixo com carteira assinada que lhe desse casa, carro e família?
Eu só disse para os alunos que eles já eram alguém na vida muito antes de irem para a escola pela primeira vez, porque eram amados por seus pais e amavam também, porque eram importantes para alguém e porque alguém era importante para eles. Que ser alguém na vida nada tem a ver, ou não deveria ter a ver com emprego, profissão e capacidade de consumo.
Inverteram os valores: o emprego, a profissão e o consumo foram colocados como valores acima da vida ou como sinônimo de vida.
Tanto é assim que um número assustadoramente grande de pessoas que não consegue se encaixar neste modelo, dar conta dessa demanda, acabam cometendo suicídio.
Há um exemplo emblemático ocorrido no Brasil, de um engenheiro que vivia com esposa e filhos em um condomínio de luxo no Rio de Janeiro, que ao perder o emprego e ver que não ia mais conseguir manter o padrão de “vida”, ou seja, de consumo, matou a esposa, os filhos e se jogou do prédio onde morava.
E há cada vez mais casos de suicídio entre jovens e adolescentes que vivem desde pequenos  sob essa pressão de serem alguém na vida, sob a ameaça de que, senão fizerem isso ou aquilo, assim ou assado, então não serão ninguém na vida.
Primeiro você é concebido no útero materno, e já é alguém na vida.
Depois você nasce, e já é alguém na vida.
Você brinca com as outras crianças, faz amizades, está no seio de uma família, cresce, se apaixona, ama, sofre, erra e acerta, e já é alguém na vida.
A profissão é um aspecto da vida, a casa é um aspecto da vida, a posição social é um aspecto da vida, o consumo é um aspecto da vida, a arte é um aspecto da vida, o carro, os amores, a bicicleta, as viagens, as dores, as emoções, os relacionamentos são aspectos da vida, mas cada um é só um aspecto da vida, não a vida toda. A soma de tudo isso e muito mais é que é a vida.
Quando qualquer um destes aspectos ou pouco deles passa a significar a vida toda, quando ele falta ou falha, o sentido da vida se vai, sem que tenhamos condições de enxergar a vida como um todo, muito maior, mais bonita e complexa do que aquele único aspecto que falhou.
Você já é alguém na vida desde a sua concepção e nascimento. Não precisa de um emprego, de sucesso profissional e no casamento para ser alguém na vida. Inverta estes valores, para começar, vamos voltar a este assunto.
Liberte-se.
Espero que este artigo tenha contribuído em algo para você.
Até o próximo.