terça-feira, 28 de maio de 2019

A IGNORÂNCIA NÃO É UM PROBLEMA


O problema é achar que já sabe


 Veja porquê.



A ignorância é nosso estado natural, não nascemos sabendo, nascemos ignorando.

Você já teve a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento de uma criança?

Eu já, de muitas crianças, dos filhos, da neta, de alunos e no momento tenho acompanhado o desenvolvimento de um sobrinho, que está com um ano e nove meses.

Você já prestou atenção em como as crianças absorvem com tanta avidez tudo o que está ao redor delas?

As crianças parecem umas esponjinhas, elas sugam tudo, aprendem e absorvem com grande facilidade, basta ouvir ou ver uma só vez.

E por que isto acontece, desta forma?

Porque a criança ignora tudo, ela acabou de sair do útero materno e está em um mundo diferente, que ela nunca viu, tudo é novidade, ela está seca como a esponja e quer, precisa absorver, conhecer, se informar sobre o mundo e ainda não tem pré-conceitos.

Acontece com a cognição, com o aprendizado, como acontece com a linguagem. Uma criança, assim que nasce, tem dentro de si uma possibilidade aberta de adquirir até cinco idiomas como sua língua materna.

Por exemplo, se nasce uma criança no Canadá, que tenha mãe brasileira, pai alemão, babá espanhola e na escola a língua usada é o francês, se ela estivar exposta a todos os idiomas desde seu nascimento, diariamente, adquire todos naturalmente.

Porém, se uma criança estiver exposta a um só idioma, ela adquire aquele único idioma e as possibilidades de aquisição se fecham apenas para a gramática daquela língua.

Mais tarde, se quiser um segundo idioma, o processo é de aprendizagem e não de aquisição como na primeira infância. O esforço terá que ser maior, para aprender, e não aquele de aquisição natural.

É mais ou menos como se a mente dissesse para si mesma que já sabe um idioma, que já tem um e por isso pode se acomodar naquele.

Quando nos convencemos que já sabemos, quando nossa mente registra esta condição, então não há mais motivo para aprender aquilo, ela parte para outra.

Nossa mente é seletiva, ela escolhe o que aprender, em que prestar atenção, em que se interessar.

Se você estiver em um aeroporto, ouve o tempo todo aquela voz nos alto-falantes, mas você não presta muita atenção, porque em sua mente está registrado que você já sabe o que está sendo dito, voos, embarques e desembarques, orientações, nada a ver com você especificamente.

Porém, se o seu nome é pronunciado, o número do seu voo, seu destino ou a companhia aérea em que você vai viajar, a sua atenção se concentra imediatamente na voz que sai do sistema de som e em tudo o que está sendo dito.

A curiosidade da criança vai diminuindo a partir do momento em que ela vai registrando que já sabe.

Aquele potencial de aprendizagem, de absorção, vai diminuindo, vai se tornando mais seletivo, e a mente entende que não precisa mais prestar atenção e buscar conhecer aquilo que ela acredita que já sabe.

Portanto, precisamos fazer uma inversão.


Não paramos de aprender por causa da ignorância, aprendemos por causa dela.

Paramos de aprender quando achamos que já sabemos, quando registramos que já conhecemos.

Não há nada demais em aprender algo, deixar aquele conhecimento acomodado e partir para um aprendizado diferente.

Mas é bom saber que este processo também acontecerá com assuntos importantes para você e para aqueles que você ama, seja relacionado com saúde, com economia, religião, política, educação ou com qualquer outro.

Se uma pessoa lê ou ouve uma informação, uma notícia, e se convence, registra, que com aquela informação já sabe aquele assunto, a tendência é parar por ali mesmo.

A curiosidade sobre aquele assunto vai diminuir, a mente estará menos aberta para ele, podendo chegar ao ponto de ignorar tudo o mais que seja dito sobre ele, como no exemplo do aeroporto.

Por outro lado, se o registro de “já sei isso” não acontecer, se a pessoa mantiver a curiosidade sobre o assunto, se ela entender que ainda há muito a aprender, que ainda não conhece tudo e talvez nunca conheça tudo sobre certo assunto, então permanecerá aprendendo cada vez mais e mais.

Nunca aprendemos tudo, nunca sabemos tudo sobre nada nesta vida. Sempre ignoramos algo, sempre poderemos estar enganados e pode ser que tenhamos entendido errado.

É desta forma que a ignorância é uma benção e não um problema.

Ela só será um problema se não a identificamos.

E não identificamos a nossa própria ignorância quando achamos que já sabemos e que nossa interpretação é a melhor ou até a única possível e válida.

Aí, neste caso, deixa de ser ignorância e passa a ser algo bem pior.

Não saber é natural, não querer saber é uma prerrogativa que nos assiste, mas achar que já se sabe é uma ilusão.

Só há vantagens em se manter ciente de que ainda ignoramos algo, mesmo sobre aquele assunto em que nos tornamos especialistas.

Esta é uma estratégia que nos mantém curiosos e abertos ao aprendizado.
Há 20 anos ensino Língua Portuguesa, Redação e Literatura. Há 20 anos estudo sobre educação, ensino e a escrita, mas sei que ainda ignoro muitas coisas sobre estes assuntos, sei bem pouquinho, tenho muito que aprender sempre.

Há conhecimentos nestas áreas que ainda nem cheguei a tocar e sei que muitas das minhas certezas podem estar equivocadas.

Com relação a outras áreas de conhecimento, então, nem se fala, aí mesmo é que sou muito ignorante.

Esta postura pode trazer pelo menos duas vantagens.

A primeira é estar aberto ao novo, a aprender, seja com as crianças, com os colegas de profissão, com quem não é da área, com alunos, com especialistas, com acadêmicos.

A segunda vantagem é que não se corre o risco de ser arrogante ao ponto de querer impor a própria razão, a própria verdade sobre a dos outros, pois se sabe que sempre existe a chance de estar errado, de estar ignorando algo.

Posso emitir uma opinião, a minha interpretação, como estou fazendo neste texto, mas não como algo imutável e acima das demais opiniões.

Este texto não é uma verdade absoluta, é uma interpretação que fiz, a partir de reflexão, de acordo com minha experiência profissional, só isso.

Minha opinião não é emitida para convencer ninguém, pois posso estar errado, posso estar ignorando algo que você conheça melhor do que eu.

Mas tenho o direito, e gosto, de me expressar através da escrita.

E se o que eu escrevo provocar alguma reflexão sobre o assunto, se ajudar alguém positivamente, então estou satisfeito.

Porque meu objetivo não é convencer ou conscientizar, não gosto destas palavras.

Meu objetivo é apenas provocar reflexão e in-comodar, tirar do comodismo, a minha mente e a de quem mais quiser pensar.


domingo, 26 de maio de 2019

O PIOR É O MELHOR


O mundo sempre foi salvo pelos “piores” e destruído pelos “melhores”


Aqui nós propomos inversões e outras versões.

Se o mundo está de cabeça para baixo, como dizem, então talvez precise de uma inversão.

Não é que se vai inverter o mundo, mas o modo de olhar para ele, o modo de entender algumas coisas.

Também não significa uma opção, mas uma reflexão, cada um que decida por si mesmo, de acordo com sua própria vida.

Não se trata de conselhos, trata-se de provocar e incomodar a zona de conforto.

O comportamento de manada é o “normal”


É natural em nós, seres humanos, querermos pertencer a um grupo, fazer parte de algo maior do que nós, e alguns chamam esta tendência de comportamento de manada.

Temos a tendência de acompanhar a massa, de fazer o que grande número de pessoas faz, de obedecer a um fluxo, de repetir comportamentos.

Até recorremos a ideias como: “mas todo mundo faz!” ou “é assim porque todo mundo faz assim” ou “sempre foi assim” ou então simplesmente vamos seguindo, sem pensar direito no porquê, afinal todos estão indo e alguém já deve ter pensado no porquê.

Este comportamento é natural do ser humano e é natural em muitas outras espécies, como também é mecânico, nem sempre consciente.

O “normal” é a pior opção


Mas a nossa história mostra que nem sempre o consenso é a melhor opção, nem sempre a direção que um grande grupo toma é a mais adequada.

Geralmente o consenso de um grupo e o que se entende por “normal” é a pior opção.

O que era normal, lógico, consenso que todo um povo acompanhou quase destruiu a humanidade e causou a maior tragédia da nossa história: o nazismo, a ideia de uma raça pura, ariana.

O mundo sempre foi salvo pelos “piores” e destruído pelos “melhores”


Entenda-se por “piores” aqueles rejeitados, fora do normal, que a normalidade recusou e disse que não prestava.

E por “melhores” entenda-se os “normais”, aqueles obedientes que seguem a manada e fazem o que todo mundo faz.

A ovelha negra é a única capaz de se rebelar, enfrentar o lobo e salvar o rebanho, porque ela tem coragem, rebeldia, é questionadora, não obedece ao fluxo considerado “normal”.

As branquinhas morrerão gritando, comendo e defecando, seguindo o grupo, obedecendo a norma, porque acreditam que este é o destino delas, que é assim que elas têm que ser, sem questionar, afinal, todas as ovelhas sempre fizeram assim.

O menino expulso da escola por não ter condições de aprender nada, por não se enquadrar no modelo, por ser esquisito, estranho, fora da norma, é o maior gênio do século XX: Albert Einstein.

Não foi à toa que Bill Gates disse um dia que o nerd que você esculacha hoje na escola, um dia será seu patrão. Ele foi um menino nerd fora da norma.

Existem vários exemplos em que um homem sozinho, rejeitado, esquisito, ridicularizado, fazendo o que não era normal, o que parecia um desvario, algo ridículo, salvou povos inteiros e mudou a história.

Hoje eu e você chagamos em casa, à noite, e apertando um botão iluminamos a casa por causa de um destes loucos, que não era normal, que insistia em uma ideia absurda.

Ninguém normal poderia acreditar que um homem seria capaz de libertar o seu país do jugo do poderoso império britânico sem dar um único tiro, sem um único gesto de violência, apenas aquele homem fora do normal, esquisito, todo errado. E Gandhi conseguiu.

Ninguém normal aceitaria que um príncipe seria maior se deixasse seu império, seu castelo, suas riquezas, a proteção e o convívio da família. Isso não era uma atitude normal, era um disparate, uma insanidade, mas foi o que o esquisito e errado Buda fez, e tantos outros.

A benção de ser rejeitado


Ao escrever este texto lembrei do livro que li duas vezes na minha adolescência, um best-seller da época, quase todo adolescente daquela época o leu: Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach.

O livro conta a história de uma gaivota que cismou que conseguiria e queria porque queria alcançar a velocidade de um falcão, 200 km/h.

Devida a sua natureza, diferente da do falcão, a gaivota só poderia alcançar esta velocidade no mergulho, então ela subia o mais alto que podia e se lançava de cabeça em direção ao solo.

Fernão acidentou-se muitas vezes, foi ridicularizado pelo seu bando, foi banido e exilado do grupo, era a vergonha dos seus pais, porque não aceitava fazer o que toda gaivota deveria fazer sempre: pescar para comer.

Sozinho e isolado, o que facilitou bastante, ele continuou treinado até que conseguiu, foi a única gaivota a alcançar a velocidade de um falcão, 200 km/h. Experimentou o que nenhuma outra jamais conheceu, porque não fez o que todo mundo fez.

Acho que é por isso que tenho medo da normalidade, do consenso de grandes grupos, do consenso de massa, da estabilidade, do caminho da manada. Mais cedo ou mais tarde este caminho vai dar no frigorífico.

Por isso que, em alguns casos, quanto mais gente (de um certo tipo) me disser que estou errado, mais feliz eu fico, porque mais certeza tenho de que estou no caminho certo.

Em alguns casos, quanto mais crítica e contrariedade, maior é o indicativo de que o caminho é mesmo aquele que você escolheu.

Porque o que é elogiado é o “normal”, o que se enquadra, o que se em-caixa, o que se deixa moldar.

E, neste caso, tudo o que é diferente é condenado e afastado, ainda bem.
Porque ser condenado e afastado, discriminado, classificado como pior, errado, absurdo é a melhor coisa que pode acontecer, a única forma de não cair no moedor de carne e fazer parte da mesma pasta.

No final das contas, os “piores” sempre acabam sendo a salvação da lavoura, da pátria, da manada, do bando, do bem.









quarta-feira, 22 de maio de 2019

A IMPORTÂNCIA DE SABER LIDAR COM FRUSTRAÇÕES


Aviso de spoiler: o mundo não foi feito para satisfazer as nossas expectativas.



O que é frustração?

É um sentimento gerado diante de expectativa ou plano que não se cumpriu.

Tudo bem, isto não tem nada de mais.

A não ser que este sentimento gerado diante de uma expectativa ou plano que não se cumpriu seja disfuncional, que o indivíduo não saiba lidar com ele, que ele acabe sendo exacerbado, gerando ira, desconforto emocional intenso, sofrimento, descontrole e ações drásticas e destrutivas.

Aí tem algo de mais, sim, e merece atenção.

A frase “se não for minha (meu), não será de mais ninguém” é típica da dificuldade de lidar com a frustração.

Se não der certo, aí eu me mato” é outra frase que demonstra o extremo desta dificuldade de lidar com a frustração.

No entanto, quem criou a expectativa ou o plano e não se preparou para uma resposta negativa ou pelo menos considerou esta possibilidade?

A vida, o mundo, as pessoas têm sempre que corresponder as nossas expectativas e colaborar com nossos planos?

Aviso de spoiler:

Nada nem ninguém têm que corresponder às expectativas que criamos e aos planos que fazemos.

E na maioria das vezes não haverá colaboração e correspondência.

A vida é assim.

As expectativas e planos são criados por nós, dentro de nós, muito particularmente e de acordo com nosso sistema de crenças.

E, pasmem, muitas vezes nem comunicamos aos outros nossas intensões, nossos planos e nossas expectativas, mas queremos que sejam adivinhados e satisfeitos como se fôssemos uma espécie de rei ou divindade.

Pior ainda, algumas vezes nem nos esforçamos tanto assim para conquistar o que queremos e, se a vida não nos dá, batemos o pé e fazemos birra, frustrados.

Este é um comportamento típico de quem?

Sim, das crianças mimadas.

E o que isto indica, então?

Sim, acertou de novo, falta de maturidade emocional.

E isto é culpa de quem?

De ninguém. Nem daquele que sente desta forma.

Não há culpa nem se deve procurar culpados, o que há é responsabilidade.

Todo aquele que descobre em si mesmo que tem dificuldade de lidar com as frustrações não tem culpa disso, mas tem a responsabilidade de procurar ajuda e começar uma mudança com sinceridade.

E quanto às crianças, é responsabilidade dos pais educarem sua emoção para saber lidar com as frustrações, que serão inevitáveis na vida.

Como educador, não acho que se eduque uma criança neste sentindo apenas expondo-a a frustrações propositalmente, isso não basta e pode ter um resultado indesejável.

Entendo que é necessário explicar como a vida e o homem funciona, dizendo que o sentimento de frustração é natural, mas que se deve desenvolver estratégias para lidar com ele de forma saudável. Dando exemplo, demonstrando em si mesmo, vivendo junto, aproveitando as oportunidades práticas da vida, que não são poucas, para ensinar.

E por que decidi escrever para você sobre este assunto?

Porque entendo que muitas tragédias pessoais têm ocorrido por conta da dificuldade de se lidar com a frustração.

E, além disso, esta dificuldade causa dor, eu sei porque já a vivi.

Por não saber lidar com a frustração muitos têm recorrido à violência, às drogas, ao conflito social, ao assassinato, ao suicídio e alguns têm caído inadvertidamente na depressão e na confusão mental e emocional.

Como os casos extremos podem funcionar?

Diante da reprovação no concurso: pode vir o pensamento de desistir de tudo.

Por não ter passado no vestibular: pode-se tomar a decisão de nunca mais tentar de novo.

Tirou nota baixa no colégio: então não adianta estudar, sou burro mesmo, não aprendo, não mereço, não gosto, não quero boas notas.

A empresa o demitiu: nossa, agora minha vida está desgraçada, estou perdido, e a depressão pode ir se instalando.

A esposa ou a namorada (o esposo ou o namorado) não quer mais o relacionamento: não saber lidar com uma frustração assim pode levar à violência, ao suicido ou ao assassinato.

Não se admite que as coisas não saiam como se gostaria que fosse, isto é intolerância à frustração.

Não sou psicólogo, sou um educador que teve que aprender a se educar, a educar as próprias emoções, por isso não escrevo como quem trata, mas como que já foi tratado, apenas para dizer a você que a vida fica mais leve e colorida se aprendermos a lidar com as próprias emoções.

Não é como profissional da psicologia que escrevo, mas como profissional da educação e da escrita, para dizer a você que o psicólogo é o especialista nestas questões e é quem pode nos ajudar.

Não há que se ter medo ou vergonha de pedir ajuda, pois não saber lidar com as próprias emoções pode fazer da vida um inferno e não precisamos viver assim se tem como viver melhor.

Além disso, ler, estudar, pesquisar e conversar sobre o assunto é um grande passo para superar qualquer dificuldade neste sentido, mas enxergar que se tem a dificuldade é o primeiro.

A dificuldade de lidar com as frustrações pode levar uma pessoa a desistir fácil dos seus objetivos, pode atrapalhar os planos, pode detonar a autoestima, pode travar a vida.

E ninguém quer que isto aconteça, não é mesmo?

Espero ter ajudado você de alguma forma com este artigo.

Se você quiser saber mais ou conversar sobre este ou outros assuntos, pode deixar seu comentário aqui ou entrar em contato comigo pelos seguintes canais:

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segunda-feira, 20 de maio de 2019

VOCÊ JÁ PENSOU SOBRE A AUTOPUNIÇÃO?


A autopunição é o mais cruel dos castigos

Vou abordar este assunto porque pode ser que você já tenha passado por isso ou até esteja passando.

Houve um período da minha vida, um longo período, que durou mais tempo do que deveria, em que eu não gostava de mim mesmo.

Acho que posso dizer que eu me odiava.

Eu repetia frases na minha cabeça, para mim mesmo, do tipo “eu não presto”; “eu não tenho sorte”; “tudo sempre dá errado pra mim”; “eu sou um bosta”; “eu mereço”, se fosse algo ruim; ou “eu não mereço”, quando era algo bom.

Horrível! Não é?

Você já viu algo parecido?

Se viu, então já deve saber como algo assim é prejudicial.

Se não viu e um dia se deparar com este tipo de comportamento, invista contra ele, não contra a pessoa, tente ajudar ou se ajudar, se for o caso.

Aquela forma como eu tratava a mim mesmo me causou muitos problemas, muitas dificuldades.

A autopunição pode ser o motivo de uma vida inteira de insatisfação, confusão e problemas.

Se alguém diz que não merece algo, então não merece e não terá aquilo.

Se alguém diz que tudo dá errado para si mesmo, então tudo vai dar errado.

Se alguém diz que é um azarado, aumenta muito a chance de não ter sucesso na vida.

Se diz que não presta, está vendo a si mesmo de forma equivocada, não se aceita, não se perdoa por algo que tenha feito e que tenha julgado como sendo um “erro”.

Mais tarde descobri que eu não gostava de mim mesmo e que eu era contra mim, porque me julgava, me condenava e me punia. De um jeito que não parecia que eu estava fazendo assim.

Nem sempre a autopunição é consciente.

Um círculo negativo se fazia, eu dizia (e pensava, e sentia, estava convencido)  que não merecia, que não ia dar certo, e não dava mesmo, isto alimentava meu convencimento, tornava-se a prova da minha razão.

Ninguém estava me punindo, eu mesmo fazia isto. Eu me sabotava e sabotava tudo o que eu fazia, acabei por dificultar um bom pedaço da minha vida.

Hoje eu compreendo que tudo o que vivi, tudo o que eu fiz, mesmo os erros, fazem parte de quem eu sou e negar isso é negar a mim mesmo.

E aceito que nem tudo eu posso compreender e dominar, apenas aconteceu, apenas vivi, se não fiz diferente foi porque eu não poderia ter feito de outra forma e, além disso, já passou e o passado não pode mais ser mudado.

Nem tudo o que a gente considera como um erro, uma falha terrível, é assim mesmo.

Muitas ações que eu considerei um erro meu, depois, mais adiante, se mostraram um acerto, delas se originaram coisas boas, eu apenas não fui capaz de ver desta forma naquele momento.

Minha capacidade de julgamento falhou muitas vezes, então optei por ter mais cuidado com isso.

Também aprendi que eu não preciso ver as coisas sempre de forma dualista, como sendo erro ou acerto, bem ou mal, certo ou errado.

Esta forma de pensamento foi construída em mim, e é só isso, um modelo de cognição, um modelo de pensamento, não é necessariamente a realidade das coisas.

Já vi muitos erros, que pareceram horríveis em um momento, se tornarem a melhor opção depois.

Também já vi ações, que pareceram maravilhosamente boas em um momento, se tornarem uma tragédia depois.

Não há porque carregar tanta culpa e se punir tanto pelo que já passou.

Só pelo fato de ser um ser humano você já merece coisas boas e merece que tudo dê certo. Você tem o direito de desejar o melhor para você e deve se amar.

Todos os humanos falham e acertam muito, você falha e acerta e será assim enquanto viver, porque isto é ser humano, não pode ser diferente.

A autopunição é a pior e mais cruel de todas. E uma pessoa pode criar um inferno para si mesmo, em si mesmo, na sua própria consciência.

A autopunição pode ser a causa de um casamento infeliz, de desajustes sociais, de notas baixas na escola, de um emprego ruim, de dificuldades financeiras, de doenças e de muitos conflitos.

Eu não vivi cometendo erros, eu apenas vivi.

E viver é isso, errar, mas acertar também.

Se você estiver vivendo algo parecido com isso, não seja seu próprio carrasco, não puna a si mesmo, você não merece isso.

Procure mudar seu modelo de pensamento e tomar mais cuidado com o julgamento que faz das coisas e de si mesmo.





quinta-feira, 16 de maio de 2019

A INCRÍVEL FORÇA DO QUERER


Tem gente que diz que querer não é poder, mas é sim,e eu posso provar.


 Uma das cadeias mais rígidas que eu já vi é a cadeia das drogas.


Umas das piores prisões, com tortura, castigos e sofrimento, de onde é muito difícil fugir.

De lá só escapa aquele que tem “o sincero desejo de parar de usar”.

E este princípio funciona para qualquer tipo de escravidão, de vício, de dependência, de compulsão, de sofrimento.

Acredite, já acompanhei de perto muitos casos, não adianta prender, bater, trancar por meses ou anos, dar remédios, não adianta conhecimento, informação, pedir ou suplicar.

Tudo isso é importante, mas o querer da pessoa é um ingrediente indispensável, sem ele nada disso funciona.

Sempre que um dependente quiser usar ele vai usar.

E só quando ele, com toda sinceridade, não quiser mais usar é que conseguirá parar. Talvez não sozinho, não de uma hora para a outra, mas vai conseguir.

Este querer a que me refiro não é qualquer querer, não é um querer simples, superficial ou passageiro, é o que chamo de um “querer que vem lá das entranhas”.

Já vi isso acontecer muitas vezes e já provei desta força, da força do querer.
E se este poder serve para quebrar correntes, também serve para construir pontes.

Se serve para libertar, também serve para alcançar objetivos.

Nunca diga “eu queria, mas não consigo”, elimine esta ideia da sua mente, por favor.

Se um ser humano quer mesmo, ele consegue, pode não conseguir hoje, pode demorar, pode dar trabalho, mas se o querer é das entranhas, se é visceral, se vem lá de dentro, então ele vai perseguir seu objetivo até alcançá-lo. Pode ter certeza disso.

Este querer poderoso não é só da mente, ele tem raízes em outros níveis, ele faz arrepiar, ele faz tremer a carne, ele mexe com nossas vísceras, acelera nosso coração, é quase uma obsessão.

Já vi pessoas fazerem milagres com este poder, pessoas se dedicarem a coisas que ninguém acreditava que fossem possíveis e eles conseguiram.
Eu mesmo já contei em outros artigos que passei fome e dormi na rua, mas não desisti e me formei em uma Universidade Federal. E de ajudante de pedreiro aos 29 anos, eu me tornei professor e lecionei em instituições de ensino de destaque no país.

Alimentei “quereres” por décadas até satisfazê-los.

Acho sinceramente que o homem é um ser que tem poderes que não sabe usar.

Um destes poderes é o poder do “querer”, deste querer visceral.

Uma força que não há obstáculo que possa contê-la. Não há corrente que possa prendê-la, não há dificuldade capaz de impedi-la.

Você acredita nisso?

Eu não só acredito, já experimentei, já vivi e já vi este poder em funcionamento muitas vezes.

Faça uma experiência, descubra algo que você quer muito, mas muito mesmo, algo que não seja prejudicial a você nem a ninguém, algo bom, ético, como um bem, um carro, uma profissão, uma habilidade, uma viagem, uma profissão.

Certifique-se de que este querer é visceral, é profundo mesmo, é muito forte.

Fortaleça ele ainda mais, dia após dia, e trabalhe para conseguir, faça o que tem que ser feito, mas sempre sem prejudicar outra pessoa ou a si mesma.

Tenha paciência, nem tudo surge instantaneamente, ao apertar de um botão, algumas coisas têm seu tempo e este tempo deve ser cumprido.

Se falhar, comece de novo, procure outro caminho, reforce seu querer e continue.

Neste caso, não importa um desconforto temporário, abrir mão de algumas coisas, o esforço que se tenha que fazer ou o tempo que possa levar, o bem maior é aquilo que se quer tanto.

Faça uma experiência e depois me conte o resultado.

E se desejar compartilhar seu querer comigo, se quiser fazer perguntas ou compartilhar alguma situação que ocorre com você, pode comentar este artigo ou me enviar mensagem privada, seja por e-mail, whatsapp, facebook ou Instagram.

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