quinta-feira, 30 de maio de 2019
terça-feira, 28 de maio de 2019
A IGNORÂNCIA NÃO É UM PROBLEMA
O problema é achar que já sabe
Veja porquê.
A ignorância é nosso estado
natural, não nascemos sabendo, nascemos ignorando.
Você já teve a oportunidade de
acompanhar o desenvolvimento de uma criança?
Eu já, de muitas crianças, dos
filhos, da neta, de alunos e no momento tenho acompanhado o desenvolvimento de
um sobrinho, que está com um ano e nove meses.
Você já prestou atenção em
como as crianças absorvem com tanta avidez tudo o que está ao redor delas?
As crianças parecem umas esponjinhas,
elas sugam tudo, aprendem e absorvem com grande facilidade, basta ouvir ou ver
uma só vez.
E por que isto acontece, desta
forma?
Porque a criança ignora tudo,
ela acabou de sair do útero materno e está em um mundo diferente, que ela nunca
viu, tudo é novidade, ela está seca como a esponja e quer, precisa absorver,
conhecer, se informar sobre o mundo e ainda não tem pré-conceitos.
Acontece com a cognição, com o
aprendizado, como acontece com a linguagem. Uma criança, assim que nasce, tem
dentro de si uma possibilidade aberta de adquirir até cinco idiomas como sua
língua materna.
Por exemplo, se nasce uma
criança no Canadá, que tenha mãe brasileira, pai alemão, babá espanhola e na
escola a língua usada é o francês, se ela estivar exposta a todos os idiomas
desde seu nascimento, diariamente, adquire todos naturalmente.
Porém, se uma criança estiver
exposta a um só idioma, ela adquire aquele único idioma e as possibilidades de
aquisição se fecham apenas para a gramática daquela língua.
Mais tarde, se quiser um
segundo idioma, o processo é de aprendizagem e não de aquisição como na
primeira infância. O esforço terá que ser maior, para aprender, e não aquele de
aquisição natural.
É mais ou menos como se a
mente dissesse para si mesma que já sabe um idioma, que já tem um e por isso
pode se acomodar naquele.
Quando nos convencemos que já
sabemos, quando nossa mente registra esta condição, então não há mais motivo
para aprender aquilo, ela parte para outra.
Nossa mente é seletiva, ela
escolhe o que aprender, em que prestar atenção, em que se interessar.
Se você estiver em um
aeroporto, ouve o tempo todo aquela voz nos alto-falantes, mas você não presta
muita atenção, porque em sua mente está registrado que você já sabe o que está
sendo dito, voos, embarques e desembarques, orientações, nada a ver com você
especificamente.
Porém, se o seu nome é
pronunciado, o número do seu voo, seu destino ou a companhia aérea em que você
vai viajar, a sua atenção se concentra imediatamente na voz que sai do sistema
de som e em tudo o que está sendo dito.
A curiosidade da criança vai
diminuindo a partir do momento em que ela vai registrando que já sabe.
Aquele potencial de
aprendizagem, de absorção, vai diminuindo, vai se tornando mais seletivo, e a
mente entende que não precisa mais prestar atenção e buscar conhecer aquilo que
ela acredita que já sabe.
Portanto, precisamos fazer uma inversão.
Não paramos de aprender por
causa da ignorância, aprendemos por causa dela.
Paramos de aprender quando
achamos que já sabemos, quando registramos que já conhecemos.
Não há nada demais em aprender
algo, deixar aquele conhecimento acomodado e partir para um aprendizado
diferente.
Mas é bom saber que este
processo também acontecerá com assuntos importantes para você e para aqueles
que você ama, seja relacionado com saúde, com economia, religião, política,
educação ou com qualquer outro.
Se uma pessoa lê ou ouve uma
informação, uma notícia, e se convence, registra, que com aquela informação já
sabe aquele assunto, a tendência é parar por ali mesmo.
A curiosidade sobre aquele
assunto vai diminuir, a mente estará menos aberta para ele, podendo chegar ao
ponto de ignorar tudo o mais que seja dito sobre ele, como no exemplo do
aeroporto.
Por outro lado, se o registro
de “já sei isso” não acontecer, se a pessoa mantiver a curiosidade sobre o
assunto, se ela entender que ainda há muito a aprender, que ainda não conhece
tudo e talvez nunca conheça tudo sobre certo assunto, então permanecerá
aprendendo cada vez mais e mais.
Nunca
aprendemos tudo, nunca sabemos tudo sobre nada nesta vida. Sempre ignoramos
algo, sempre poderemos estar enganados e pode ser que tenhamos entendido
errado.
É desta forma que a ignorância
é uma benção e não um problema.
Ela só será um problema se não
a identificamos.
E não identificamos a nossa
própria ignorância quando achamos que já sabemos e que nossa interpretação é a
melhor ou até a única possível e válida.
Aí, neste caso, deixa de ser
ignorância e passa a ser algo bem pior.
Não saber é natural, não
querer saber é uma prerrogativa que nos assiste, mas achar que já se sabe é uma
ilusão.
Só há vantagens em se manter
ciente de que ainda ignoramos algo, mesmo sobre aquele assunto em que nos
tornamos especialistas.
Esta é uma estratégia que nos
mantém curiosos e abertos ao aprendizado.
Há 20 anos ensino Língua
Portuguesa, Redação e Literatura. Há 20 anos estudo sobre educação, ensino e a
escrita, mas sei que ainda ignoro muitas coisas sobre estes assuntos, sei bem
pouquinho, tenho muito que aprender sempre.
Há conhecimentos nestas áreas
que ainda nem cheguei a tocar e sei que muitas das minhas certezas podem estar
equivocadas.
Com relação a outras áreas de
conhecimento, então, nem se fala, aí mesmo é que sou muito ignorante.
Esta postura pode trazer pelo menos duas
vantagens.
A primeira é estar aberto ao
novo, a aprender, seja com as crianças, com os colegas de profissão, com quem
não é da área, com alunos, com especialistas, com acadêmicos.
A segunda vantagem é que não se
corre o risco de ser arrogante ao ponto de querer impor a própria razão, a
própria verdade sobre a dos outros, pois se sabe que sempre existe a chance de estar
errado, de estar ignorando algo.
Posso emitir uma opinião, a
minha interpretação, como estou fazendo neste texto, mas não como algo imutável
e acima das demais opiniões.
Este texto não é uma verdade
absoluta, é uma interpretação que fiz, a partir de reflexão, de acordo com
minha experiência profissional, só isso.
Minha opinião não é emitida para
convencer ninguém, pois posso estar errado, posso estar ignorando algo que você
conheça melhor do que eu.
Mas tenho o direito, e gosto,
de me expressar através da escrita.
E se o que eu escrevo provocar
alguma reflexão sobre o assunto, se ajudar alguém positivamente, então estou
satisfeito.
Porque meu objetivo não é
convencer ou conscientizar, não gosto destas palavras.
Meu objetivo é apenas provocar
reflexão e in-comodar, tirar do comodismo, a minha mente e a de quem mais quiser
pensar.
domingo, 26 de maio de 2019
O PIOR É O MELHOR
O mundo sempre foi salvo pelos “piores” e destruído pelos “melhores”
Aqui nós propomos inversões e outras
versões.
Se o mundo está de cabeça para
baixo, como dizem, então talvez precise de uma inversão.
Não é que se vai inverter o
mundo, mas o modo de olhar para ele, o modo de entender algumas coisas.
Também não significa uma opção,
mas uma reflexão, cada um que decida por si mesmo, de acordo com sua própria
vida.
Não se trata de conselhos,
trata-se de provocar e incomodar a zona de conforto.
O comportamento de manada é o “normal”
É natural em nós, seres
humanos, querermos pertencer a um grupo, fazer parte de algo maior do que nós,
e alguns chamam esta tendência de comportamento de manada.
Temos a tendência de acompanhar
a massa, de fazer o que grande número de pessoas faz, de obedecer a um fluxo,
de repetir comportamentos.
Até recorremos a ideias como: “mas
todo mundo faz!” ou “é assim porque todo mundo faz assim” ou “sempre foi assim”
ou então simplesmente vamos seguindo, sem pensar direito no porquê, afinal
todos estão indo e alguém já deve ter pensado no porquê.
Este comportamento é natural
do ser humano e é natural em muitas outras espécies, como também é mecânico,
nem sempre consciente.
O “normal” é a pior opção
Mas a nossa história mostra
que nem sempre o consenso é a melhor opção, nem sempre a direção que um grande
grupo toma é a mais adequada.
Geralmente o consenso de um
grupo e o que se entende por “normal” é a pior opção.
O que era normal, lógico, consenso
que todo um povo acompanhou quase destruiu a humanidade e causou a maior
tragédia da nossa história: o nazismo, a ideia de uma raça pura, ariana.
O mundo sempre foi salvo pelos “piores” e destruído pelos “melhores”
Entenda-se por “piores” aqueles
rejeitados, fora do normal, que a normalidade recusou e disse que não prestava.
E por “melhores” entenda-se os
“normais”, aqueles obedientes que seguem a manada e fazem o que todo mundo faz.
A ovelha negra é a única capaz
de se rebelar, enfrentar o lobo e salvar o rebanho, porque ela tem coragem,
rebeldia, é questionadora, não obedece ao fluxo considerado “normal”.
As branquinhas morrerão
gritando, comendo e defecando, seguindo o grupo, obedecendo a norma, porque acreditam
que este é o destino delas, que é assim que elas têm que ser, sem questionar, afinal,
todas as ovelhas sempre fizeram assim.
O menino expulso da escola por
não ter condições de aprender nada, por não se enquadrar no modelo, por ser
esquisito, estranho, fora da norma, é o maior gênio do século XX: Albert Einstein.
Não foi à toa que Bill Gates disse
um dia que o nerd que você esculacha hoje na escola, um dia será seu patrão. Ele
foi um menino nerd fora da norma.
Existem vários exemplos em que
um homem sozinho, rejeitado, esquisito, ridicularizado, fazendo o que não era
normal, o que parecia um desvario, algo ridículo, salvou povos inteiros e mudou
a história.
Hoje eu e você chagamos em
casa, à noite, e apertando um botão iluminamos a casa por causa de um destes
loucos, que não era normal, que insistia em uma ideia absurda.
Ninguém normal poderia
acreditar que um homem seria capaz de libertar o seu país do jugo do poderoso império
britânico sem dar um único tiro, sem um único gesto de violência, apenas aquele
homem fora do normal, esquisito, todo errado. E Gandhi conseguiu.
Ninguém normal aceitaria que
um príncipe seria maior se deixasse seu império, seu castelo, suas riquezas, a
proteção e o convívio da família. Isso não era uma atitude normal, era um
disparate, uma insanidade, mas foi o que o esquisito e errado Buda fez, e
tantos outros.
A benção de ser rejeitado
Ao escrever este texto lembrei
do livro que li duas vezes na minha adolescência, um best-seller da época,
quase todo adolescente daquela época o leu: Fernão Capelo Gaivota, de Richard
Bach.
O livro conta a história de
uma gaivota que cismou que conseguiria e queria porque queria alcançar a velocidade
de um falcão, 200 km/h.
Devida a sua natureza,
diferente da do falcão, a gaivota só poderia alcançar esta velocidade no
mergulho, então ela subia o mais alto que podia e se lançava de cabeça em
direção ao solo.
Fernão acidentou-se muitas
vezes, foi ridicularizado pelo seu bando, foi banido e exilado do grupo, era a
vergonha dos seus pais, porque não aceitava fazer o que toda gaivota deveria
fazer sempre: pescar para comer.
Sozinho e isolado, o que
facilitou bastante, ele continuou treinado até que conseguiu, foi a única gaivota
a alcançar a velocidade de um falcão, 200 km/h. Experimentou o que nenhuma
outra jamais conheceu, porque não fez o que todo mundo fez.
Acho que é por isso que tenho
medo da normalidade, do consenso de grandes grupos, do consenso de massa, da
estabilidade, do caminho da manada. Mais cedo ou mais tarde este caminho vai
dar no frigorífico.
Por isso que, em alguns casos,
quanto mais gente (de um certo tipo) me disser que estou errado, mais feliz eu
fico, porque mais certeza tenho de que estou no caminho certo.
Em alguns casos, quanto mais
crítica e contrariedade, maior é o indicativo de que o caminho é mesmo aquele
que você escolheu.
Porque o que é elogiado é o “normal”,
o que se enquadra, o que se em-caixa, o que se deixa moldar.
E, neste caso, tudo o que é
diferente é condenado e afastado, ainda bem.
Porque ser condenado e afastado,
discriminado, classificado como pior, errado, absurdo é a melhor coisa que pode
acontecer, a única forma de não cair no moedor de carne e fazer parte da mesma pasta.
No final das contas, os “piores”
sempre acabam sendo a salvação da lavoura, da pátria, da manada, do bando, do
bem.
quarta-feira, 22 de maio de 2019
A IMPORTÂNCIA DE SABER LIDAR COM FRUSTRAÇÕES
Aviso de spoiler: o mundo não foi feito para satisfazer as nossas expectativas.
O que é frustração?
É um sentimento gerado diante
de expectativa ou plano que não se cumpriu.
Tudo bem, isto não tem nada de
mais.
A não ser que este sentimento
gerado diante de uma expectativa ou plano que não se cumpriu seja disfuncional,
que o indivíduo não saiba lidar com ele, que ele acabe sendo exacerbado, gerando
ira, desconforto emocional intenso, sofrimento, descontrole e ações drásticas e
destrutivas.
Aí tem algo de mais, sim, e
merece atenção.
A frase “se não for minha (meu), não será de mais ninguém” é típica da dificuldade
de lidar com a frustração.
“Se não der certo, aí eu me mato” é outra frase que demonstra o extremo
desta dificuldade de lidar com a frustração.
No entanto, quem criou a
expectativa ou o plano e não se preparou para uma resposta negativa ou pelo
menos considerou esta possibilidade?
A vida, o mundo, as pessoas
têm sempre que corresponder as nossas expectativas e colaborar com nossos
planos?
Aviso de spoiler:
Nada nem ninguém têm que
corresponder às expectativas que criamos e aos planos que fazemos.
E na maioria das vezes não haverá
colaboração e correspondência.
A vida é assim.
As expectativas e planos são
criados por nós, dentro de nós, muito particularmente e de acordo com nosso sistema
de crenças.
E, pasmem, muitas vezes nem
comunicamos aos outros nossas intensões, nossos planos e nossas expectativas,
mas queremos que sejam adivinhados e satisfeitos como se fôssemos uma espécie de
rei ou divindade.
Pior ainda, algumas vezes nem
nos esforçamos tanto assim para conquistar o que queremos e, se a vida não nos
dá, batemos o pé e fazemos birra, frustrados.
Este é um comportamento típico
de quem?
Sim, das crianças mimadas.
E o que isto indica, então?
Sim, acertou de novo, falta de
maturidade emocional.
E isto é culpa de quem?
De ninguém. Nem daquele que sente
desta forma.
Não há culpa nem se deve procurar
culpados, o que há é responsabilidade.
Todo aquele que descobre em si
mesmo que tem dificuldade de lidar com as frustrações não tem culpa disso, mas tem
a responsabilidade de procurar ajuda e começar uma mudança com sinceridade.
E quanto às crianças, é responsabilidade
dos pais educarem sua emoção para saber lidar com as frustrações, que serão inevitáveis
na vida.
Como educador, não acho que se
eduque uma criança neste sentindo apenas expondo-a a frustrações propositalmente,
isso não basta e pode ter um resultado indesejável.
Entendo que é necessário
explicar como a vida e o homem funciona, dizendo que o sentimento de frustração
é natural, mas que se deve desenvolver estratégias para lidar com ele de forma
saudável. Dando exemplo, demonstrando em si mesmo, vivendo junto, aproveitando
as oportunidades práticas da vida, que não são poucas, para ensinar.
E por que decidi escrever para
você sobre este assunto?
Porque entendo que muitas
tragédias pessoais têm ocorrido por conta da dificuldade de se lidar com a frustração.
E, além disso, esta dificuldade
causa dor, eu sei porque já a vivi.
Por não saber lidar com a frustração
muitos têm recorrido à violência, às drogas, ao conflito social, ao assassinato,
ao suicídio e alguns têm caído inadvertidamente na depressão e na confusão mental
e emocional.
Como os
casos extremos podem funcionar?
Diante da reprovação no concurso:
pode vir o pensamento de desistir de tudo.
Por não ter passado no
vestibular: pode-se tomar a decisão de nunca mais tentar de novo.
Tirou nota baixa no colégio: então
não adianta estudar, sou burro mesmo, não aprendo, não mereço, não gosto, não quero boas notas.
A empresa o demitiu: nossa,
agora minha vida está desgraçada, estou perdido, e a depressão pode ir se instalando.
A esposa ou a namorada (o esposo
ou o namorado) não quer mais o relacionamento: não saber lidar com uma
frustração assim pode levar à violência, ao suicido ou ao assassinato.
Não se admite que as coisas
não saiam como se gostaria que fosse, isto é intolerância à frustração.
Não sou psicólogo, sou um educador
que teve que aprender a se educar, a educar as próprias emoções, por isso não
escrevo como quem trata, mas como que já foi tratado, apenas para dizer a você que
a vida fica mais leve e colorida se aprendermos a lidar com as próprias
emoções.
Não é como profissional da psicologia
que escrevo, mas como profissional da educação e da escrita, para dizer a você que
o psicólogo é o especialista nestas questões e é quem pode nos ajudar.
Não há que se ter medo ou
vergonha de pedir ajuda, pois não saber lidar com as próprias emoções pode
fazer da vida um inferno e não precisamos viver assim se tem como viver melhor.
Além disso, ler, estudar, pesquisar
e conversar sobre o assunto é um grande passo para superar qualquer dificuldade
neste sentido, mas enxergar que se tem a dificuldade é o primeiro.
A dificuldade de lidar com as
frustrações pode levar uma pessoa a desistir fácil dos seus objetivos, pode
atrapalhar os planos, pode detonar a autoestima, pode travar a vida.
E ninguém quer que isto aconteça,
não é mesmo?
Espero ter ajudado você de
alguma forma com este artigo.
Se você quiser saber mais ou conversar
sobre este ou outros assuntos, pode deixar seu comentário aqui ou entrar em
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segunda-feira, 20 de maio de 2019
VOCÊ JÁ PENSOU SOBRE A AUTOPUNIÇÃO?
A
autopunição é o mais cruel dos castigos
Vou abordar este assunto
porque pode ser que você já tenha passado por isso ou até esteja passando.
Houve um período da minha
vida, um longo período, que durou mais tempo do que deveria, em que eu não gostava
de mim mesmo.
Acho que posso dizer que eu me
odiava.
Eu repetia frases na minha
cabeça, para mim mesmo, do tipo “eu não presto”; “eu não tenho sorte”; “tudo
sempre dá errado pra mim”; “eu sou um bosta”; “eu mereço”, se fosse algo ruim;
ou “eu não mereço”, quando era algo bom.
Horrível! Não é?
Você já viu algo parecido?
Se viu, então já deve saber
como algo assim é prejudicial.
Se não viu e um dia se deparar
com este tipo de comportamento, invista contra ele, não contra a pessoa, tente
ajudar ou se ajudar, se for o caso.
Aquela forma como eu tratava a
mim mesmo me causou muitos problemas, muitas dificuldades.
A autopunição pode ser o motivo de uma vida inteira de insatisfação, confusão e problemas.
Se alguém diz que não merece
algo, então não merece e não terá aquilo.
Se alguém diz que tudo dá
errado para si mesmo, então tudo vai dar errado.
Se alguém diz que é um
azarado, aumenta muito a chance de não ter sucesso na vida.
Se diz que não presta, está
vendo a si mesmo de forma equivocada, não se aceita, não se perdoa por algo que
tenha feito e que tenha julgado como sendo um “erro”.
Mais tarde descobri que eu não
gostava de mim mesmo e que eu era contra mim, porque me julgava, me condenava e
me punia. De um jeito que não parecia que eu estava fazendo assim.
Nem
sempre a autopunição é consciente.
Um círculo negativo se fazia, eu
dizia (e pensava, e sentia, estava convencido) que não merecia, que não ia dar certo, e não
dava mesmo, isto alimentava meu convencimento, tornava-se a prova da minha
razão.
Ninguém estava me punindo, eu
mesmo fazia isto. Eu me sabotava e sabotava tudo o que eu fazia, acabei por dificultar
um bom pedaço da minha vida.
Hoje eu compreendo que tudo o
que vivi, tudo o que eu fiz, mesmo os erros, fazem parte de quem eu sou e negar
isso é negar a mim mesmo.
E aceito que nem tudo eu posso
compreender e dominar, apenas aconteceu, apenas vivi, se não fiz diferente foi
porque eu não poderia ter feito de outra forma e, além disso, já passou e o
passado não pode mais ser mudado.
Nem tudo o que a gente considera
como um erro, uma falha terrível, é assim mesmo.
Muitas ações que eu considerei
um erro meu, depois, mais adiante, se mostraram um acerto, delas se originaram
coisas boas, eu apenas não fui capaz de ver desta forma naquele momento.
Minha capacidade de julgamento
falhou muitas vezes, então optei por ter mais cuidado com isso.
Também aprendi que eu não preciso
ver as coisas sempre de forma dualista, como sendo erro ou acerto, bem ou mal,
certo ou errado.
Esta forma de pensamento foi construída
em mim, e é só isso, um modelo de cognição, um modelo de pensamento, não é
necessariamente a realidade das coisas.
Já vi muitos erros, que pareceram
horríveis em um momento, se tornarem a melhor opção depois.
Também já vi ações, que
pareceram maravilhosamente boas em um momento, se tornarem uma tragédia depois.
Não há porque carregar tanta
culpa e se punir tanto pelo que já passou.
Só pelo fato de ser um ser
humano você já merece coisas boas e merece que tudo dê certo. Você tem o direito
de desejar o melhor para você e deve se amar.
Todos os humanos falham e
acertam muito, você falha e acerta e será assim enquanto viver, porque isto é
ser humano, não pode ser diferente.
A autopunição é a pior e mais
cruel de todas. E uma pessoa pode criar um inferno para si mesmo, em si mesmo,
na sua própria consciência.
A autopunição pode ser a causa de um casamento infeliz, de desajustes sociais, de notas baixas na escola, de um emprego ruim, de dificuldades financeiras, de doenças e de muitos conflitos.
Eu não vivi cometendo erros,
eu apenas vivi.
E viver é isso, errar, mas
acertar também.
Se você estiver vivendo algo
parecido com isso, não seja seu próprio carrasco, não puna a si mesmo, você não
merece isso.
Procure mudar seu modelo de
pensamento e tomar mais cuidado com o julgamento que faz das coisas e de si
mesmo.
quinta-feira, 16 de maio de 2019
A INCRÍVEL FORÇA DO QUERER
Tem gente que diz que querer não é poder, mas é sim,e eu posso provar.
Umas das piores prisões, com
tortura, castigos e sofrimento, de onde é muito difícil fugir.
De lá só escapa aquele que tem
“o sincero desejo de parar de usar”.
E este princípio funciona para
qualquer tipo de escravidão, de vício, de dependência, de compulsão, de
sofrimento.
Acredite, já acompanhei de
perto muitos casos, não adianta prender, bater, trancar por meses ou anos, dar
remédios, não adianta conhecimento, informação, pedir ou suplicar.
Tudo isso é importante, mas o
querer da pessoa é um ingrediente indispensável, sem ele nada disso funciona.
Sempre que um dependente
quiser usar ele vai usar.
E só quando ele, com toda sinceridade,
não quiser mais usar é que conseguirá parar. Talvez não sozinho, não de uma
hora para a outra, mas vai conseguir.
Este querer a que me refiro
não é qualquer querer, não é um querer simples, superficial ou passageiro, é o
que chamo de um “querer que vem lá das entranhas”.
Já vi isso acontecer muitas
vezes e já provei desta força, da força do querer.
E se este poder serve para quebrar
correntes, também serve para construir pontes.
Se serve para libertar, também
serve para alcançar objetivos.
Nunca diga “eu queria, mas não
consigo”, elimine esta ideia da sua mente, por favor.
Se um ser humano quer mesmo, ele
consegue, pode não conseguir hoje, pode demorar, pode dar trabalho, mas se o
querer é das entranhas, se é visceral, se vem lá de dentro, então ele vai
perseguir seu objetivo até alcançá-lo. Pode ter certeza disso.
Este querer poderoso não é só
da mente, ele tem raízes em outros níveis, ele faz arrepiar, ele faz tremer a
carne, ele mexe com nossas vísceras, acelera nosso coração, é quase uma obsessão.
Já vi pessoas fazerem milagres
com este poder, pessoas se dedicarem a coisas que ninguém acreditava que fossem
possíveis e eles conseguiram.
Eu mesmo já contei em outros
artigos que passei fome e dormi na rua, mas não desisti e me formei em uma Universidade
Federal. E de ajudante de pedreiro aos 29 anos, eu me tornei professor e lecionei
em instituições de ensino de destaque no país.
Alimentei “quereres” por
décadas até satisfazê-los.
Acho sinceramente que o homem é
um ser que tem poderes que não sabe usar.
Um destes poderes é o poder do
“querer”, deste querer visceral.
Uma força que não há obstáculo
que possa contê-la. Não há corrente que possa prendê-la, não há dificuldade capaz
de impedi-la.
Você acredita nisso?
Eu não só acredito, já
experimentei, já vivi e já vi este poder em funcionamento muitas vezes.
Faça uma experiência, descubra
algo que você quer muito, mas muito mesmo, algo que não seja prejudicial a você
nem a ninguém, algo bom, ético, como um bem, um carro, uma profissão, uma
habilidade, uma viagem, uma profissão.
Certifique-se de que este
querer é visceral, é profundo mesmo, é muito forte.
Fortaleça ele ainda mais, dia
após dia, e trabalhe para conseguir, faça o que tem que ser feito, mas sempre
sem prejudicar outra pessoa ou a si mesma.
Tenha paciência, nem tudo
surge instantaneamente, ao apertar de um botão, algumas coisas têm seu tempo e
este tempo deve ser cumprido.
Se falhar, comece de novo, procure
outro caminho, reforce seu querer e continue.
Neste caso, não importa um
desconforto temporário, abrir mão de algumas coisas, o esforço que se tenha que
fazer ou o tempo que possa levar, o bem maior é aquilo que se quer tanto.
Faça uma experiência e depois
me conte o resultado.
E se desejar compartilhar seu
querer comigo, se quiser fazer perguntas ou compartilhar alguma situação que
ocorre com você, pode comentar este artigo ou me enviar mensagem privada, seja
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