Olha só o que me aconteceu esta semana na
fila da lotérica.
Isto me fez pensar sobre o
quanto a gente deixa de conseguir as coisas porque não se mexe, porque não fala,
não diz o que quer ou o que não quer.
Aliás, a gente até diz, mas diz
no modo fofoca, reclamação, comentário, aí não muda nada mesmo, não funciona.
Quer ver só?
Eu cheguei em uma agência lotérica
da Caixa, que abriu há poucos dias aqui na minha cidade, e havia uma fila
enorme, uma só, então entrei naquela fila.
Lá na frente, um guichê preferencial
para idosos, gestantes e pessoas com necessidades especiais, outro guichê preferencial
para jogos e mais um ou dois guichês funcionando para serviços e público em
geral.
Eu poderia ter ido no guichê
preferencial para jogos, mas preferi ficar na fila única, junto com todos.
Então chegou um homem, que não
entrou na fila, ficou de lado, e assim que vagou um guichê, de atendimento geral,
ele foi até lá e foi atendido.
Assim que ele terminou de ser
atendido, eu saí lá de traz da fila, me dirigi até aquele guichê e perguntei
porque aquele homem foi atendido sem entrar na fila, passando na frente de
todos.
A moça me respondeu que ele
queria fazer apenas jogos e como o guichê preferencial para jogos estava
ocupado, atendendo outro serviço, ela o atendeu ali mesmo.
Eu disse a ela que também
queria fazer somente alguns jogos e que então também queria ser atendido. E ela
me atendeu.
Enquanto isso eu pude ouvir as
reclamações do pessoal da fila.
Ela terminou de me atender, eu
saí, olhei para a fila, estavam todos com cara amarrada, reclamando, falando
uns com os outros, parecia que iriam me surrar.
Mas nenhum deles saiu da fila
para ver o que estava acontecendo, para perguntar o que houve, para saber qual
motivo de termos sido atendido na frente deles ou para reclamar com quem poderia
fazer algo. Apenas resmungaram.
Provavelmente todas aquelas
pessoas permaneceram aguardando na fila até serem atendidos e nenhum deles se
arriscou a reclamar, questionar, organizar a fila, começar outras filas de
acordo com as preferências e serviços. Ninguém se mexeu.
E não é bem assim que tem acontecido?
As pessoas se juntam em
grupos, físicos ou virtuais, e ficam reclamando das coisas erradas, da má
sorte, das dificuldades, do destino e do diabo a quatro.
Mas são poucas que levantam e
vão fazer alguma coisa de fato para mudar.
Estes grupos onde se fala e se
reclama de tudo serve de catarse, ali se dissipa a indignação, o ímpeto, a
coragem, a inciativa e fica por isso mesmo, não precisa mais ter ação de fato,
todos ficam aliviados ou envenenados com sentimentos negativos.
Funciona como uma droga.
Por isso que quem tem boca,
sabe usar as palavras e usa, quem levanta e diz o que quer, onde dói, o que não
quer, o que incomoda, o que deseja, este vai a Roma e onde mais quiser.
Não se trata de usar a linguagem
para ficar reclamando, mas para dizer o que deve ser dito, do jeito certo, no
momento certo, para as pessoas certas.
O que deve ser dito é a
verdade;
o jeito certo é com educação,
mas com atitude;
o momento certo é aquele que
você sente que é;
as pessoas certas são as
implicadas na situação, as pessoas envolvidas, que podem participar e realizar
mudança.
Se você tem um problema com a
esposa ou com o esposo, este problema não será resolvido ao você falar dele
para um amigo ou uma amiga que nada tenha a ver com a situação e nada poderá
fazer.
É preciso dizer para as
pessoas o que queremos ou não queremos, elas não são advinhas e ninguém tem a obrigação
de saber e providenciar o que nos faz bem, o que queremos.
Essa é uma tarefa de cada um
para consigo mesmo.
Quem tem boca vai a Roma coisa
nenhuma, vai muito mais longe.
A linguagem é um tesouro que,
se soubermos usar, pode nos levar por todos os caminhos que sonhamos trilhar.
Mas se utilizamos da forma
errada, pode nos prejudicar e prejudicar os outros.
Quem fica cacarejando e ciscando
no terreiro é galinha, águias tomam impulso, abrem as asas, levantam e voam bem
alto, acima das montanhas e das nuvens.
Somos águias, não galinhas.
Ficar reclamando do que quer que
seja não resolve a situação, aliás, complica mais ainda.
Esta é a pior maneira de usar
a linguagem, a boca, a laringe, o verbo. É um desperdício de poder, de força e
de oportunidade.
Abra a boca e diga e fale, levante
e faça e aja. Isso é orar com fé.
Orar com fé não é olhar para o
céu, pedir e esperar que as coisas se façam por milagre, que algum deus mande
pronto o que você quer.
O milagre é fazer acontecer.
Você já é o milagre pronto.
Está esperando o quê?
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