quinta-feira, 11 de julho de 2019

QUEM TEM BOCA VAI PARA ONDE QUISER



Olha só o que me aconteceu esta semana na fila da lotérica.


Isto me fez pensar sobre o quanto a gente deixa de conseguir as coisas porque não se mexe, porque não fala, não diz o que quer ou o que não quer.

Aliás, a gente até diz, mas diz no modo fofoca, reclamação, comentário, aí não muda nada mesmo, não funciona.

Quer ver só?


Eu cheguei em uma agência lotérica da Caixa, que abriu há poucos dias aqui na minha cidade, e havia uma fila enorme, uma só, então entrei naquela fila.

Lá na frente, um guichê preferencial para idosos, gestantes e pessoas com necessidades especiais, outro guichê preferencial para jogos e mais um ou dois guichês funcionando para serviços e público em geral.

Eu poderia ter ido no guichê preferencial para jogos, mas preferi ficar na fila  única, junto com todos.

Então chegou um homem, que não entrou na fila, ficou de lado, e assim que vagou um guichê, de atendimento geral, ele foi até lá e foi atendido.

Assim que ele terminou de ser atendido, eu saí lá de traz da fila, me dirigi até aquele guichê e perguntei porque aquele homem foi atendido sem entrar na fila, passando na frente de todos.

A moça me respondeu que ele queria fazer apenas jogos e como o guichê preferencial para jogos estava ocupado, atendendo outro serviço, ela o atendeu ali mesmo.

Eu disse a ela que também queria fazer somente alguns jogos e que então também queria ser atendido. E ela me atendeu.

Enquanto isso eu pude ouvir as reclamações do pessoal da fila.

Ela terminou de me atender, eu saí, olhei para a fila, estavam todos com cara amarrada, reclamando, falando uns com os outros, parecia que iriam me surrar.

Mas nenhum deles saiu da fila para ver o que estava acontecendo, para perguntar o que houve, para saber qual motivo de termos sido atendido na frente deles ou para reclamar com quem poderia fazer algo. Apenas resmungaram.

Provavelmente todas aquelas pessoas permaneceram aguardando na fila até serem atendidos e nenhum deles se arriscou a reclamar, questionar, organizar a fila, começar outras filas de acordo com as preferências e serviços. Ninguém se mexeu.

E não é bem assim que tem acontecido?

As pessoas se juntam em grupos, físicos ou virtuais, e ficam reclamando das coisas erradas, da má sorte, das dificuldades, do destino e do diabo a quatro.

Mas são poucas que levantam e vão fazer alguma coisa de fato para mudar.

Estes grupos onde se fala e se reclama de tudo serve de catarse, ali se dissipa a indignação, o ímpeto, a coragem, a inciativa e fica por isso mesmo, não precisa mais ter ação de fato, todos ficam aliviados ou envenenados com sentimentos  negativos.

Funciona como uma droga.

Por isso que quem tem boca, sabe usar as palavras e usa, quem levanta e diz o que quer, onde dói, o que não quer, o que incomoda, o que deseja, este vai a Roma e onde mais quiser.

Não se trata de usar a linguagem para ficar reclamando, mas para dizer o que deve ser dito, do jeito certo, no momento certo, para as pessoas certas.

O que deve ser dito é a verdade;

o jeito certo é com educação, mas com atitude;

o momento certo é aquele que você sente que é;

as pessoas certas são as implicadas na situação, as pessoas envolvidas, que podem participar e realizar mudança.

Se você tem um problema com a esposa ou com o esposo, este problema não será resolvido ao você falar dele para um amigo ou uma amiga que nada tenha a ver com a situação e nada poderá fazer.

É preciso dizer para as pessoas o que queremos ou não queremos, elas não são advinhas e ninguém tem a obrigação de saber e providenciar o que nos faz bem, o que queremos.

Essa é uma tarefa de cada um para consigo mesmo.

Quem tem boca vai a Roma coisa nenhuma, vai muito mais longe.

A linguagem é um tesouro que, se soubermos usar, pode nos levar por todos os caminhos que sonhamos trilhar.

Mas se utilizamos da forma errada, pode nos prejudicar e prejudicar os outros.

Quem fica cacarejando e ciscando no terreiro é galinha, águias tomam impulso, abrem as asas, levantam e voam bem alto, acima das montanhas e das nuvens.

Somos águias, não galinhas.

Ficar reclamando do que quer que seja não resolve a situação, aliás, complica mais ainda.

Esta é a pior maneira de usar a linguagem, a boca, a laringe, o verbo. É um desperdício de poder, de força e de oportunidade.

Abra a boca e diga e fale, levante e faça e aja. Isso é orar com fé.

Orar com fé não é olhar para o céu, pedir e esperar que as coisas se façam por milagre, que algum deus mande pronto o que você quer.

O milagre é fazer acontecer.

Você já é o milagre pronto.

Está esperando o quê?


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