quinta-feira, 24 de janeiro de 2019


COMO SE CAPACITAR PROFISSIONALMENTE

Máquinas não somos, homens é que somos.

Há mais de 20 anos eu fui fazer uma entrevista de emprego para uma vaga de frentista de um posto de combustíveis e a primeira pergunta que o entrevistador me fez foi:
qual o último livro que você leu?
Nunca esqueci disso e do restante da entrevista em que sequer o entrevistador perguntou se eu sabia abastecer um carro, usar uma bomba de combustível, atender ao público, lavar um carro, trocar um óleo, nada desse tipo.
O entrevistador avaliava em mim outras questões que cada dia mais estão fazendo a diferença entre quem é bem-sucedido e quem vive patinando.
Você sabia que a maioria das demissões não acontecem por falta de habilidades técnicas?
A maioria das pessoas não são demitidas porque não sabem fazer bem o seu serviço, mas é porque elas só sabem fazer bem o seu serviço.

Como assim, tá maluco?

Há alguns meses meu filho foi trabalhar em uma empresa e antes mesmo de terminar o período de experiência, que é de 3 meses, ele foi promovido.
Um funcionário antigo na empresa, com a mesma função do meu filho, ficou indignado e questionou o RH, queria saber o que o recém contratado havia feito para ter sido promovido tão rápido.
Então disseram a ele:
o que você deve se perguntar é o que você tem feito para estar tantos anos no mesmo posto.
Tantos anos fazendo a mesma coisa, é certo que aquele colaborador antigo fazia suas tarefas naquela empresa melhor do que fazia o recém contratado. Então qual era o diferencial?
O diferencial tem muito a ver com aquela pergunta que o entrevistador do posto de combustíveis me fez.
Ele não queria saber qual livro eu tinha lido e se eu lembrava da história porque aquilo faria diferença na hora de colocar combustível em um tanque.
Ele queria saber simplesmente se eu tinha o hábito da leitura, porque quem tem o hábito de leitura tem a mente aberta, adquire algumas habilidades humanas que o capacitam para resolver problemas, para convivência, para a gestão de conflitos, para a visão do todo e das partes da empresa e dos negócios, para o trabalho em equipe, para ir além das suas atribuições e tarefas.
Estas habilidades são foco, concentração, pensamento crítico, o hábito de refletir e pensar sobre as coisas ao seu redor, a observação, a atenção, a calma, a paciência, generosidade, a aceitação, a habilidade de lidar com as próprias emoções, o autoconhecimento e a criatividade.
Claro que não é apenas a leitura que capacita desta forma, as viagens, o contato com outras culturas, a convivência com diferenças, o contato com as artes em geral, e muitas outras vivências e experiências que a escola não dá, que os cursos técnicos não dão, porque estão concentrados e ocupados em ensinar as habilidades técnicas.
Habilidades técnicas são facilmente ensináveis e facilmente aprendidas, algumas até animais irracionais aprendem, outras até as máquinas já realizam.
Nós somos humanos, nós vamos além.
E o mercado de trabalho atualmente está carente de profissionais completos, as empresas estão em busca destes profissionais que são capazes de ir além das suas atribuições rotineiras e cotidianas. As empresas estão em busca de pessoas criativas e empreendedoras, capazes de enxergar, nas funções aparentemente mais simples, oportunidades de renovação, de criação e inventividade.
Não obstante ao grande índice de desemprego em nosso país, é comum você ouvir de empresários que está difícil conseguir mão de obra qualificada, e eles não estão se referindo a pessoas que saibam fazer o serviço, mas a pessoas capazes de ir além do serviço, capazes de interferir positivamente no ambiente, na cultura e na filosofia da empresa.
Portanto, capacitar-se profissionalmente no atual contexto global e cultural não se resume a aprender a fazer, esta é a parte mais fácil. É preciso ir além e aprender a aprender, aprender a ser, aprender a criar e inovar.
E isto só se adquire ampliando o repertório de vivências e experiências, algo que todos são capazes de fazer.
Não se adquire fazendo sempre as mesmas coisas, com medo de aventurar-se ao novo e ao diferente. Não se adquire buscando zona de conforto em práticas rotineiras e automáticas.
Lembre-se que não somos máquinas, somos homens, e vamos além.
Liberte-se.
Espero ter contribuído de alguma forma com este artigo.
Até o próximo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário