COMO
SE CAPACITAR PROFISSIONALMENTE
Máquinas não somos, homens é que somos.
Há mais de 20 anos eu fui fazer uma entrevista
de emprego para uma vaga de frentista de um posto de combustíveis e a primeira
pergunta que o entrevistador me fez foi:
qual o último livro que você leu?
Nunca
esqueci disso e do restante da entrevista em que sequer o entrevistador
perguntou se eu sabia abastecer um carro, usar uma bomba de combustível,
atender ao público, lavar um carro, trocar um óleo, nada desse tipo.
O entrevistador
avaliava em mim outras questões que cada dia mais estão fazendo a diferença
entre quem é bem-sucedido e quem vive patinando.
Você
sabia que a maioria das demissões não acontecem por falta de habilidades
técnicas?
A maioria das pessoas não são demitidas porque não sabem fazer
bem o seu serviço, mas é porque elas só sabem fazer bem o seu serviço.
Como assim, tá maluco?
Há
alguns meses meu filho foi trabalhar em uma empresa e antes mesmo de terminar o
período de experiência, que é de 3 meses, ele foi promovido.
Um
funcionário antigo na empresa, com a mesma função do meu filho, ficou indignado
e questionou o RH, queria saber o que o recém contratado havia feito para ter
sido promovido tão rápido.
Então
disseram a ele:
o que você deve se perguntar é o que você tem feito para
estar tantos anos no mesmo posto.
Tantos
anos fazendo a mesma coisa, é certo que aquele colaborador antigo fazia suas
tarefas naquela empresa melhor do que fazia o recém contratado. Então qual era
o diferencial?
O
diferencial tem muito a ver com aquela pergunta que o entrevistador do posto de
combustíveis me fez.
Ele
não queria saber qual livro eu tinha lido e se eu lembrava da história porque aquilo
faria diferença na hora de colocar combustível em um tanque.
Ele
queria saber simplesmente se eu tinha o hábito da leitura, porque quem tem o
hábito de leitura tem a mente aberta, adquire algumas habilidades humanas que o
capacitam para resolver problemas, para convivência, para a gestão de
conflitos, para a visão do todo e das partes da empresa e dos negócios, para o trabalho
em equipe, para ir além das suas atribuições e tarefas.
Estas
habilidades são foco, concentração, pensamento crítico, o hábito de refletir e
pensar sobre as coisas ao seu redor, a observação, a atenção, a calma, a paciência,
generosidade, a aceitação, a habilidade de lidar com as próprias emoções, o
autoconhecimento e a criatividade.
Claro
que não é apenas a leitura que capacita desta forma, as viagens, o contato com
outras culturas, a convivência com diferenças, o contato com as artes em geral,
e muitas outras vivências e experiências que a escola não dá, que os cursos
técnicos não dão, porque estão concentrados e ocupados em ensinar as
habilidades técnicas.
Habilidades
técnicas são facilmente ensináveis e facilmente aprendidas, algumas até animais
irracionais aprendem, outras até as máquinas já realizam.
Nós somos
humanos, nós vamos além.
E o
mercado de trabalho atualmente está carente de profissionais completos, as empresas
estão em busca destes profissionais que são capazes de ir além das suas
atribuições rotineiras e cotidianas. As empresas estão em busca de pessoas
criativas e empreendedoras, capazes de enxergar, nas funções aparentemente mais
simples, oportunidades de renovação, de criação e inventividade.
Não
obstante ao grande índice de desemprego em nosso país, é comum você ouvir de
empresários que está difícil conseguir mão de obra qualificada, e eles não
estão se referindo a pessoas que saibam fazer o serviço, mas a pessoas capazes
de ir além do serviço, capazes de interferir positivamente no ambiente, na
cultura e na filosofia da empresa.
Portanto,
capacitar-se profissionalmente no atual contexto global e cultural não se
resume a aprender a fazer, esta é a parte mais fácil. É preciso ir além e
aprender a aprender, aprender a ser, aprender a criar e inovar.
E isto só se
adquire ampliando o repertório de vivências e experiências, algo que todos são
capazes de fazer.
Não se
adquire fazendo sempre as mesmas coisas, com medo de aventurar-se ao novo e ao
diferente. Não se adquire buscando zona de conforto em práticas rotineiras e
automáticas.
Lembre-se
que não somos máquinas, somos homens, e vamos além.
Liberte-se.
Espero
ter contribuído de alguma forma com este artigo.
Até o
próximo.
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