A
autopunição é o mais cruel dos castigos
Vou abordar este assunto
porque pode ser que você já tenha passado por isso ou até esteja passando.
Houve um período da minha
vida, um longo período, que durou mais tempo do que deveria, em que eu não gostava
de mim mesmo.
Acho que posso dizer que eu me
odiava.
Eu repetia frases na minha
cabeça, para mim mesmo, do tipo “eu não presto”; “eu não tenho sorte”; “tudo
sempre dá errado pra mim”; “eu sou um bosta”; “eu mereço”, se fosse algo ruim;
ou “eu não mereço”, quando era algo bom.
Horrível! Não é?
Você já viu algo parecido?
Se viu, então já deve saber
como algo assim é prejudicial.
Se não viu e um dia se deparar
com este tipo de comportamento, invista contra ele, não contra a pessoa, tente
ajudar ou se ajudar, se for o caso.
Aquela forma como eu tratava a
mim mesmo me causou muitos problemas, muitas dificuldades.
A autopunição pode ser o motivo de uma vida inteira de insatisfação, confusão e problemas.
Se alguém diz que não merece
algo, então não merece e não terá aquilo.
Se alguém diz que tudo dá
errado para si mesmo, então tudo vai dar errado.
Se alguém diz que é um
azarado, aumenta muito a chance de não ter sucesso na vida.
Se diz que não presta, está
vendo a si mesmo de forma equivocada, não se aceita, não se perdoa por algo que
tenha feito e que tenha julgado como sendo um “erro”.
Mais tarde descobri que eu não
gostava de mim mesmo e que eu era contra mim, porque me julgava, me condenava e
me punia. De um jeito que não parecia que eu estava fazendo assim.
Nem
sempre a autopunição é consciente.
Um círculo negativo se fazia, eu
dizia (e pensava, e sentia, estava convencido) que não merecia, que não ia dar certo, e não
dava mesmo, isto alimentava meu convencimento, tornava-se a prova da minha
razão.
Ninguém estava me punindo, eu
mesmo fazia isto. Eu me sabotava e sabotava tudo o que eu fazia, acabei por dificultar
um bom pedaço da minha vida.
Hoje eu compreendo que tudo o
que vivi, tudo o que eu fiz, mesmo os erros, fazem parte de quem eu sou e negar
isso é negar a mim mesmo.
E aceito que nem tudo eu posso
compreender e dominar, apenas aconteceu, apenas vivi, se não fiz diferente foi
porque eu não poderia ter feito de outra forma e, além disso, já passou e o
passado não pode mais ser mudado.
Nem tudo o que a gente considera
como um erro, uma falha terrível, é assim mesmo.
Muitas ações que eu considerei
um erro meu, depois, mais adiante, se mostraram um acerto, delas se originaram
coisas boas, eu apenas não fui capaz de ver desta forma naquele momento.
Minha capacidade de julgamento
falhou muitas vezes, então optei por ter mais cuidado com isso.
Também aprendi que eu não preciso
ver as coisas sempre de forma dualista, como sendo erro ou acerto, bem ou mal,
certo ou errado.
Esta forma de pensamento foi construída
em mim, e é só isso, um modelo de cognição, um modelo de pensamento, não é
necessariamente a realidade das coisas.
Já vi muitos erros, que pareceram
horríveis em um momento, se tornarem a melhor opção depois.
Também já vi ações, que
pareceram maravilhosamente boas em um momento, se tornarem uma tragédia depois.
Não há porque carregar tanta
culpa e se punir tanto pelo que já passou.
Só pelo fato de ser um ser
humano você já merece coisas boas e merece que tudo dê certo. Você tem o direito
de desejar o melhor para você e deve se amar.
Todos os humanos falham e
acertam muito, você falha e acerta e será assim enquanto viver, porque isto é
ser humano, não pode ser diferente.
A autopunição é a pior e mais
cruel de todas. E uma pessoa pode criar um inferno para si mesmo, em si mesmo,
na sua própria consciência.
A autopunição pode ser a causa de um casamento infeliz, de desajustes sociais, de notas baixas na escola, de um emprego ruim, de dificuldades financeiras, de doenças e de muitos conflitos.
Eu não vivi cometendo erros,
eu apenas vivi.
E viver é isso, errar, mas
acertar também.
Se você estiver vivendo algo
parecido com isso, não seja seu próprio carrasco, não puna a si mesmo, você não
merece isso.
Procure mudar seu modelo de
pensamento e tomar mais cuidado com o julgamento que faz das coisas e de si
mesmo.
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