Depois de 38 anos de estudo, finalmente cheguei no começo e posso começar a aprender.
Não escrevo porque presumo
saber das coisas ou presumo que posso ensinar ou dar lições, escrevo porque para
mim é uma necessidade.
Escrever faz parte de mim, da minha
vida, de quem eu sou, então não posso, e não quero, fugir disso.
Escrevo para compartilhar
ideias, não para ter razão.
Escrevo para perguntar e
provocar perguntas, não para dar respostas.
Considero as perguntas mais
importantes do que as respostas.
Aliás, aos 52 anos, depois de 38
anos de leituras e estudos constantes, depois de centenas de livros lidos, de estudar
os mais diversos assuntos, viver em muitos lugares, viajar bastante, depois de
experimentar uma enorme diversidade de modos de vida, descobri que não sei
nada.
Parece que agora estou quase
pronto para começar a aprender.
E tenho muito mais perguntas
hoje do que tinha no passado.
Houve vários momentos em que
eu achei que sabia, então eu dava respostas sobre a vida, sobre o homem e até sobre
Deus.
Quanta presunção!
Hoje não me arrisco mais a
fazer isto, começo a vislumbrar a complexidade e a grandiosidade da vida, do homem
e ainda mais de Deus.
Estou começando a entender o
tamanho que tenho diante de questões tão grandes, sou pequeno demais, minha mente,
humano que sou, é limitadíssima, tem pouco alcance.
Então como posso querer explicar
algo tão grande?
Seria muita presunção achar
que sei, se depois de tanto estudar, ler e viver sequer toquei no conhecimento.
Acho que devo começara a
aprender.
Por isso cada dia que passa
tenho mais perguntas e menos respostas. Cada dia que passa me distancio mais
daquela fase da vida em que eu era o dono da razão. Hoje não sou dono de nada,
ainda bem, isto é um alivio.
Mas estou muito feliz por ter
chegado a este ponto: o começo.
Talvez eu esteja perdendo a
ilusão de que eu sabia algo e isto seria ótimo, porque a maior inimiga do
conhecimento não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento (esta frase não é
minha, alguns dizem que é de Stephen Hawking e outros dizem que é de Daniel
Boorstin. Eu não posso afirmar com certeza quem é o autor desta frase, apenas
gosto dela.).
Tenho encontrado cada vez mais
“donos da razão”, “detentores da verdade”, pessoas capazes de explicar a vida,
de te ensinar como viver de forma correta e até capazes de explicar Deus.
Espero poder aprender algo com
estas pessoas.
De minha parte, sigo preferindo as perguntas.
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