quarta-feira, 10 de abril de 2019

CUIDADO COM AS FALSAS IMPORTÂNCIAS


Algumas importâncias são desimportantes, a gente é que inventa.

 Se começarmos a hierarquizar o que é mais importante na vida, chegamos a ela mesma, a vida.


Isto é o mais importante, a nossa vida, a vida alheia, a vida natural.

Pessoas são mais importantes do que coisas. Qualquer que seja.

Descendo na hierarquia está todo o resto, nada está acima da vida, das pessoas e da natureza. Ou pelo menos deveria ser assim, mas sabemos que não é.

Brigamos, magoamos, fazemos guerra, destruímos pessoas e relacionamentos por causa de coisas.

Por causa do carro, do dinheiro, do celular, da terra, da casa, do emprego, da herança, da carreira, do petróleo, do poder.

Por causa do tapete, do chinelo, das meias, do creme dental, da tampa do vaso do banheiro.

Pessoas, vidas, relacionamentos, sentimentos, emoções, pensamentos, memória, sensibilidade, tudo isso é mais importante do que coisas.

Mas às vezes, mesmo sem querer, quase que automaticamente invertemos esta hierarquia, colocamos o desimportante na frente daquilo que realmente tem importância.

Agora, aqui estou eu, propondo que a gente faça uma in-versão do que invertemos.

Acho que em alguns casos criamos falsas importância para nos sentirmos importantes.

Como que transferíssemos a importância que não vemos em nós para nossas coisas, para nosso carro, nosso status, nossa carreira, nossa casa, nosso celular, nosso dinheiro...

E assim, porque temos, porque conseguimos, porque é nosso, porque fizemos, então nos sentimos importantes.

Só que desta forma quem tem mais, quem fez mais, que tem o mais caro e o melhor sente-se mais importante e os outros, menos.

E as pessoas passam a ter graus de importância, de acordo com as coisas.

Imagine, se coloque nesta situação.

Se você andasse de bicicleta ou a pé e depois comprasse um carro zero e saísse pela cidade, você não se sentiria mais importante, mais seguro, mais gente do que antes?

E por que isso não acontece da mesma forma, com a mesma intensidade, quando a gente lê um livro e aprende algo que não sabia? 

Ou quando ajuda alguém, ou quando dá um abraço, recebe um sorriso e um beijo logo pela manhã, planta uma flor, encontra um passarinho cantando, ouve do filho que ele nos ama, ou é gentil com alguém?

Talvez tenhamos marcado na memória uma ocasião em que alguém brigou muito, xingou, torturou com cobrança, lembrou repetidas vezes, magoou, ofendeu, porque outro alguém quebrou o vaso, sujou o tapete, arranhou a roda do carro ao estacionar, perdeu o dinheiro da prestação, arranhou o fogão, amassou a panela, apertou o tubo de creme dental no meio, manchou a camisa ao lavar.

Estes seriam exemplos de falsa importância, de importância desproporcional dada às coisas, porque foram colocadas, em maior ou menor grau, acima da paz, dos sentimentos, do relacionamento, da pessoa, talvez da saúde e da vida.

Você já é a pessoa mais importante do mundo mesmo que não tenha nada, mesmo que não tenha feito nada, e coisa alguma deve estar acima de você.

Porque você é vida, é um ser vivente, é uma pessoa, uma alma, tem uma história e só pelo fato de existir já tem mais importância do que qualquer coisa.

Você não precisa de coisas para se sentir importante e nem para que tenha importância para os outros.

Não admita que a sua importância seja dada pelo que você tem, isso é humilhante.

Mesmo que você seja considerado importante porque estacionou uma Ferrari nova na porta do restaurante caro, isso é humilhante.

Você não dá importância ao seu cachorro pelo osso que ele come ou pela coleira que carrega no pescoço. Você dá importância a ele porque ele é um cão.

Então deveria ser uma humilhação inadmissível que uma pessoa se sentisse importante por causa de uma coisa e não pela sua humanidade.

Deveria ser uma humilhação inadmissível alguém nos achar importante por causa da Ferrari e não pelo simples fato de termos vida e sermos humanos.

É uma humilhação inadmissível ter nossa importância colocada para baixo ou para cima em virtude de coisa alguma.

Veja, não estou dizendo que as coisas não sejam importantes, que não se deve cuidar delas ou que tudo pode ser destruído.

Só estou dizendo que a elas deve ser dada a devida importância, nem mais nem menos. Sem falsas importâncias.

Pense nisso.

Liberte-se.

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