“Em nome da mãe, ordeno que protejas os
inocentes.”
Esta é a terceira frase dita
na cerimônia de nomeação do cavaleiro, que se encontra de joelhos, com a espada
sobre seus ombros e depois sobre sua cabeça.
As duas virtudes anteriormente
exigidas de um cavaleiro desembocam nesta última, a proteção dos inocentes.
Mas ao longo da série o que
vimos foi muito mais crueldade e tirania do que defesa dos inocentes.
Vimos aqueles que defendiam os
inocentes serem castigados e os tiranos serem premiados, mais ou menos como
acontece no mundo real, fora da ficção.
Ainda assim, se algo dentro de
nós vibra e se alegra quando vemos uma rainha se dedicar a libertar escravos, a
dar proteção, reconhecimento, dignidade e carinho a eles, então estamos salvos,
porque estamos vivos.
Do contrário, se não sentimos
isto, estamos perdidos, porque estamos mortos.
Se diante da injustiça
sentimos indignação e temos coragem de enfrentá-la, então estamos salvos,
porque ainda estamos vivos.
Mas se diante da injustiça nos
alegramos, se a justificamos ou nos acovardamos, então estamos perdidos, porque
já estamos mortos.
Esta é a grande batalha entre
vivos e mortos desta oitava e última temporada.
Entre súditos de reis e o povo
livre há aqueles que ainda estão vivos e lutam contra a morte, não apenas
contra vagantes brancos ou o rei da noite, mas contra a tirania, contra a
escravidão, a fome e a miséria da viúva e do órfão, contra a distorção do poder
e a dominação.
E para a surpresa de muitos,
mais uma história vem confirmar que os valores do cavaleiro sempre estiveram no
bastardo, no renegado, na mulher, na criança, mais do que no comandante militar,
nas tropas do rei e no trono.
À primeira vista não foi
possível ver, mas as aparências enganam, muito, tanto na arte como na vida.
E até aquele que é nascido do
ferro é capaz de refletir sobre si e se moldar, quando submetido ao fogo, se
estiver vivo ainda.
O que está morto para si, não
pode morrer, ainda que seja assassinado viverá na coragem, na justiça e na
proteção dos inocentes.
O cavaleiro de valor não
depende da ordenação, das palavras, da formação, mas de alguma forma ele
carrega em si este traço humano indestrutível e inconfundível, e o mantém diante
de qualquer dificuldade ou facilidade.
Game of Thrones tem muito a
ensinar para quem quer aprender, mesmo que seja necessário assistir tudo de
novo, assim como é a vida.
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