Só existe vida no agora, o resto é lembrança ou projeção.
Mas neste quero compartilhar com
você o que tenho pensado sobre o tempo em que vivemos.
Não no sentido de analisar a
época e suas características, mas o tempo mesmo, o tempo em que estamos em um dado
momento.
E por que isso seria
importante?
Porque isto tem a ver com
viver ou apenas existir.
Viver e existir são duas coisas bem diferentes.
Uma pedra existe, mas não vive.
Pelo menos não como vive um
coelho ou uma pessoa.
Uma árvore existe e vive, mas
não vive como vive uma águia que voa por cima das montanhas e bosques.
Nós, de todos os seres
viventes, deveríamos ser os mais capacitados para viver em plenitude, no máximo
de nossa condição, como seres dotados de raciocínio, inteligência, consciência
e possibilidades quase que infinitas.
Infelizmente nem sempre é isso
o que acontece.
Olhe para o homem e veja como ele vive.
Paralelo a todos os avanços magníficos
que fizemos na nossa história, hoje há uma grande parcela de nós que vive
infeliz, solitária, ansiosa, deprimida, angustiada, com pressa, sem tempo,
atarefada, insatisfeita, doente, atrapalhada, sem ânimo, correndo atrás de algo
que nem sabemos direito o que é, que nem desejamos de verdade ou que não nos
fará bem.
Vivemos quase que automaticamente
porque alguma força acima de nós parece nos obrigar, diz que devemos, que tem
que ser assim, então obedecemos.
Reclamamos que não temos tempo
para nada, ou melhor, que não temos tempo para fazer o que gostaríamos de fazer,
quando deveríamos ser os únicos donos do nosso tempo de vida.
E assim nos tornamos a única
espécie que se autodestrói, somos os únicos seres vivos que cometem suicídio
por desespero. Quando deveríamos ser a espécie mais feliz, a mais foda de todas.
E se você for fazer uma
pesquisa, não se surpreenda se descobrir que em muitos lugares, inclusive do
Brasil, o número de suicídios já é maior do que o número de homicídios. E olha
que o número de homicídios infelizmente é bem alto.
Mas o que isso tudo tem a ver com o tempo?
É que se não somos donos do nosso
tempo para fazer aquilo que nos faz bem, que nos alegra a alma, que areja a
alma, que nos dá esperança e alegria de viver, que nos dá satisfação na vida, tesão,
sensação de liberdade e plenitude, adoecemos.
Se passamos ano após ano vivendo
insatisfeitos, presos a situações desagradáveis, odiando levantar da cama para encarar
o dia, amando a sexta-feira e odiando a segunda, tendo sonhos e não vendo a
possibilidade de realizá-los, esperando a aposentadoria chegar para viver, escravos
do passado ou do futuro, adoecemos.
É o mesmo que capturar aquela
águia e colocar em uma pequena gaiola, ela entristecerá e adoecerá até a morte.
Em que tempo você vive?
Você já colocou as chaves ou outro
objeto em algum lugar e não sabia mais onde foi?
Você já saiu de casa e depois
ficou se perguntando se chaveou a porta, desligou o gás ou o ferro de passar roupas?
Você já se deu conta de um
novo imóvel ou uma linda árvore florida no trajeto que faz todos os dias e que
nunca havia percebido?
Você já foi a algum lugar e
passou direto, se dando conta só depois que andou mais do que era necessário?
Estas coisas acontecem porque
quando você fez o que fez não estava presente em si mesmo nem no momento nem no
lugar. Estava fora, no passado, no futuro ou em outro lugar, só o corpo estava
agindo automaticamente.
E isto é existir sem viver, é
existir ausente.
O homem está onde está a sua atenção.
Viver desta forma consome uma
enorme quantidade de energia, nos faz perder o momento presente e o espaço presente.
E viver assim é viver automaticamente, como um robô.
Viver assim é fragmentar-se e
fragmentado não se pode ser pleno.
Além disso, viver no passado
pode causar depressão e viver no futuro é uma das causas da ansiedade.
O passado não se pode mais
alterar, aliás, ele nem existe mais, somente existem as consequências dele e
estas estão no agora.
O futuro também não está no
nosso controle e nem sabemos se chegaremos nele ou se ele existirá. E se
existir, ele será o resultado do nosso viver no presente real, de fato, em ação.
O único tempo que existe é o
exato agora, o momento presente, o já.
E é somente no presente que
existe vida.
É só no presente que a vida acontece,
estar fora dele é estar fora dela também.
É somente vivendo o presente de
forma magnífica, intensa, integralmente, que podemos alterar o nosso passado e possibilitar
um futuro fantástico.
Pense nisso.
Liberte-se.
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