Não é a velocidade que nos faz rápido, é a constância.
Ao percorrer
17 mil km com uma moto pequena e velha, por 3 países, enfrentando todo tipo de
estrada e clima, tendo que manter os 80, 90 km por hora, percebi que não era a
velocidade, a correria ou a pressa que fazia a viagem render, mas a constância.
Em
vários momentos das minhas viagens encontrei outros viajantes, com motos novas
e potentes, equipamentos de ponta, que em dado momento passavam por mim “voando”
e sumiam na minha frente.
Então
percebi que com frequência eu passava por eles também, quando estavam em um
posto de combustíveis ou à beira da estrada, e que muitas vezes acabávamos
almoçando nos mesmos lugares, pernoitando nas mesmas cidades e fazendo boa
parte da viagem juntos.
Percebi
que isto acontecia porque, apesar de eles fazerem trechos em alta velocidade,
não conseguiam manter aquele ritmo por todo o trajeto, pois se tratava de
viagens longas.
E eu
me mantinha em movimento por mais tempo, em velocidade constante, e percebi que
as diferenças de tempo não eram tão grandes, muitas vezes eram de minutos.
E
depois percebi o mesmo princípio caminhando nas ruas da minha cidade. Eu via
passarem por mim pessoas apressadas, correndo para atravessar a rua rápido, que
chegavam no mesmo lugar que eu com diferença de uns 3 minutos.
Percebi
pessoas de carro que passavam por mim enquanto eu caminhava pela calçada bem
devagar, desfrutando do momento, do caminho e da caminhada, e lá na frente eu
passava por elas, presas eu seus carros, que estavam presos em engarrafamentos.
Chegávamos juntos no mesmo lugar ou eu até chegava primeiro.
Foi
assim que descobri que não adianta correr demais, ter muita pressa, querer ser
rápido, dar um gás em um determinado momento e ter que parar com frequência,
desanimar, desconcentrar, oscilar ou abandonar um projeto.
Melhor
mesmo é manter o foco, a frequência, a constância, o ritmo, desfrutar do trajeto,
do caminho, do momento presente.
Também
aprendi que não preciso, não devo e não quero deixar de fazer porque não tenho
o melhor equipamento ou “aquele” equipamento.
Devo e vou fazer com o que se tenho,
porque o que importa mesmo é fazer, é realizar.
Se a
vida é uma viagem longa ou curta eu não sei, depende do ponto de vista, só sei
que quero desfrutar do caminho, não tenho pressa de chagar ao final, já sei o
que me espera lá, mas não sei como será o trajeto.
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