“Em
nome do pai, ordeno que sejas justo.”
Para ser justo primeiro devo
dizer que não é minha a tarefa de julgar.
Eu não sei você que está
lendo, mas eu não sou juiz, minha tarefa não é julgar, ainda bem. Já há quem
tome esta atribuição para si.
E quando, na cerimônia de
nomeação do cavaleiro, é dita esta frase, nada tem a ver com julgar alguém,
determinar se é culpado ou inocente e executar a pena ou a absolvição.
Tem a ver com um traço natural,
inato, de certos seres humanos, não depende muito de pensar ou calcular, mas vem
meio por intuição, por inspiração.
Por isso nem todos os homens
podiam ser nomeados Cavaleiro do Rei, porque nem todos os homens nascem com a
índole de corajosos e justos.
Ser justo para o cavaleiro tem
a ver com não aceitar a injustiça, rebelar-se contra ela. Seja injustiça contra
si ou contra os outros.
Ser justo também não tem a ver
com cumprir lei, ordem e hierarquia, porque nem sempre elas são justas. Aí ser
justo é desobedecer.
Ser justo tem a ver com não
trapacear.
Tem a ver com assumir seus
erros e pagar o preço com hombridade.
Tem a ver com colocar princípios
humanos acima de qualquer outro, de qual-quer ou-tro.
Não é justo que o mais forte,
aquele que se encontra em posição de vantagem,
só por isso bata, explore, humilhe aquele que está em desvantagem.
No nosso caso, não é justo, por
exemplo, que você trabalhe duro para comprar um imóvel e tenha que pagar
imposto sobre ele a vida inteira, correndo o risco de perdê-lo se não pagar.
Não é ser justo, ver as
injustiças e nada fazer contra elas, pois é assim que elas se proliferam e
ganham força.
Ser justo e corajoso não são
virtudes que se pode ensinar, mas se pode aprender.
Ao longo da série poucas
pessoas justas apareceram, e muitas delas foram mortas também, mostrando que a morte
e a desgraça vêm para justos e injustos.
Alguns que consideramos injustos
por quase toda a série ainda estão vivas e fortes e oscilaram entre momentos e
ações de justiça e de injustiça.
Algumas personagens nos surpreenderam
ao percebermos que por traz de uma couraça de impiedade havia alguma justiça.
Isto parece nos mostrar, como
na vida, que não fomos talhados, feitos, preparados para julgar, porque nossa
visão sobre os outros é muito limitada, sempre parcial.
A série também mostrou que ser
justo não significa ser perfeito, que o justo comete erros e deve ser justo
consigo mesmo, não se condenando impiedosamente.
Afinal, ser justo em nome do
pai não é mesmo tarefa de julgar, mas de proteger os inocentes, os indefesos.
Tema do próximo artigo.
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