sexta-feira, 26 de abril de 2019

GAME OF THRONES: SEJAS JUSTO.


“Em nome do pai, ordeno que sejas justo.”
  


Para ser justo primeiro devo dizer que não é minha a tarefa de julgar.

Eu não sei você que está lendo, mas eu não sou juiz, minha tarefa não é julgar, ainda bem. Já há quem tome esta atribuição para si.

E quando, na cerimônia de nomeação do cavaleiro, é dita esta frase, nada tem a ver com julgar alguém, determinar se é culpado ou inocente e executar a pena ou a absolvição.

Tem a ver com um traço natural, inato, de certos seres humanos, não depende muito de pensar ou calcular, mas vem meio por intuição, por inspiração.

Por isso nem todos os homens podiam ser nomeados Cavaleiro do Rei, porque nem todos os homens nascem com a índole de corajosos e justos.

Ser justo para o cavaleiro tem a ver com não aceitar a injustiça, rebelar-se contra ela. Seja injustiça contra si ou contra os outros.

Ser justo também não tem a ver com cumprir lei, ordem e hierarquia, porque nem sempre elas são justas. Aí ser justo é desobedecer.

Ser justo tem a ver com não trapacear.

Tem a ver com assumir seus erros e pagar o preço com hombridade.

Tem a ver com colocar princípios humanos acima de qualquer outro, de qual-quer ou-tro.

Não é justo que o mais forte, aquele que  se encontra em posição de vantagem, só por isso bata, explore, humilhe aquele que está em desvantagem.

No nosso caso, não é justo, por exemplo, que você trabalhe duro para comprar um imóvel e tenha que pagar imposto sobre ele a vida inteira, correndo o risco de perdê-lo se não pagar.

Não é ser justo, ver as injustiças e nada fazer contra elas, pois é assim que elas se proliferam e ganham força.

Ser justo e corajoso não são virtudes que se pode ensinar, mas se pode aprender.  

Ao longo da série poucas pessoas justas apareceram, e muitas delas foram mortas também, mostrando que a morte e a desgraça vêm para justos e injustos.

Alguns que consideramos injustos por quase toda a série ainda estão vivas e fortes e oscilaram entre momentos e ações de justiça e de injustiça.

Algumas personagens nos surpreenderam ao percebermos que por traz de uma couraça de impiedade havia alguma justiça.

Isto parece nos mostrar, como na vida, que não fomos talhados, feitos, preparados para julgar, porque nossa visão sobre os outros é muito limitada, sempre parcial.

A série também mostrou que ser justo não significa ser perfeito, que o justo comete erros e deve ser justo consigo mesmo, não se condenando impiedosamente.

Afinal, ser justo em nome do pai não é mesmo tarefa de julgar, mas de proteger os inocentes, os indefesos. 

Tema do próximo artigo.



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